Alguns recrutas das forças ucranianas estão a recusar disparar contra o inimigo russo em frentes de combate, avança a Associated Press (AP), que cita comandantes e companheiros de combate.
De acordo a AP, enquanto a Ucrânia prossegue com a sua incursão na região russa de Kursk, as suas tropas continuam a perder terreno na frente oriental do país, algo que os comandantes militares atribuem, em parte, a soldados mal treinados, recrutados numa recente campanha de mobilização.
Segundo estas fontes, que falaram sob condição de anonimato, alguns recrutas não só se recusam a disparar, como têm dificuldade em montar as armas ou em coordenar os movimentos básicos de combate.
"Algumas pessoas não querem disparar. Veem o inimigo em posição de tiro nas trincheiras mas não abrem fogo... É por isso que os nossos homens estão a morrer", disse um comandante de batalhão da 47.ª Brigada da Ucrânia. "Quando não usam a arma, são ineficazes", acrescentou.
Além disso, estas fontes militares dizem que os recrutas contribuíram para uma série de perdas territoriais que permitiram o avanço do exército russo, incluindo perto da cidade de Pokrovsk. Segundo dizem, estes soldados estão muito longe dos combatentes que se juntaram à guerra no primeiro ano da invasão em grande escala.
Face a esta situação, os comandantes procuram agora conduzir as suas próprias mobilizações.
"O principal problema é o instinto de sobrevivência dos novatos. Antes, as pessoas podiam resistir até o último momento para manter a posição. Agora, mesmo quando há um bombardeio leve das posições de tiro, eles estão a recuar", disse um soldado da 110ª Brigada.
Ainda assim, acrescenta, nem todos estão a fugir. "Há pessoas motivadas, mas são muito, muito poucas".
Recorde-se que, no passado dia 19 de agosto, o vice-ministro da Defesa ucraniano anunciou que cerca de 930 mil pessoas alistaram-se nas Forças Armadas Ucranianas no âmbito da mobilização militar contra a Rússia, número que deverá atingir um milhão na próxima semana. A controversa nova lei de mobilização militar entrou em vigor na Ucrânia em maio, após meses de impasse.
Leia Também: Cabe a cada país definir utilização que Kyiv faz das armas doadas, diz UE