Os participantes pedem mais apoio da comunidade internacional e que Portugal reconheça o opositor Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela, apesar de o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) ter ratificado Nicolás Maduro como Presidente reeleito para um novo mandato de seis anos.
"Portugal devia reconhecer a Edmundo. Reconhecê-lo de uma vez por todas. Até quando vai exigir que publiquem as atas a alguém que nunca as vai entregar porque não as tem", disse Maria da Conceição Soares à Agência Lusa.
Proprietária de um escritório jurídico em Caracas, esta luso-venezuelana considerou que "depois, chegará a um ponto em que a situação prescreve".
"Este senhor [Nicolás Maduro] é presidente até janeiro [de 2025] mas se não reconhece os resultados das eleições está mostrando ao mundo que não é um democrata. Não é como diz Lula da Silva, que há que esperar até janeiro", disse, questionando-se sobre "o que é possível esperar de alguém que desde já não reconhece que tem de entregar" o poder.
A luso-venezuelana participou na concentração da oposição, para reivindicar o direito à liberdade e porque não pensa abandonar da Venezuela.
"Este é o meu país e não irei a nenhuma parte. Vi o meu pai sofrer abandonando o seu país [Portugal] (...) mas eu não penso deixar o meu país", frisou.
Sobre o futuro, defendeu que "há que resistir porque há gente presa, torturada". Também que "haverá sangue ou não, cairá quem tiver que cair, mas a Venezuela se levantará e será livre de novo".
"Na Venezuela não há estado de direito. Há 20 anos estamos em ditadura e nenhum povo quer uma ditadura. Já Portugal a viveu com Salazar", frisando que não se trata de ser de esquerda ou de direita, "quando um Governo recorre às armas contra o povo há criminosos, autocracia e ditadura".
Também a contabilista luso-venezuelana Liliana da Silva Ferreira defende que "Portugal deve reconhecer Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela".
"A nível internacional devem apoiar a Maria Corina Machado e Edmundo González. Apoiar a liberdade e a democracia. Devem estar contra as ditaduras sejam de esquerda ou de direita", disse.
Saiu às ruas para apoiar Edmundo González Urrutia, num país onde, opinou, os poderes públicos e o Supremo Tribunal de Justiça são manejados pelo Governo, não são confiáveis, e onde as atas confirmam a vitória opositora nas eleições presidenciais.
Os venezuelanos têm esperança "de sair do inferno" em que se encontram, mas precisam de ajuda internacional, referindo que viveu um ano em Portugal, mas que o amor à pátria de Simón Bolívar a fez regressar.
Já o estudante de engenharia Juan Pablo Crisitance quer que a Venezuela seja um país de oportunidades.
"Há provas, atas com resultados claros e legítimos (...) a Venezuela se está mexendo de maneira diferente de anos anteriores. Há um movimento civil mais organizado, ordenado e democrático", frisou.
A docente reformada Elena Claret Velasquez de Chirimeni não quer mais viver em ditadura.
"Já a máscara [de democrata] do Governo caiu e já demonstramos com votos que não queremos mais esta ditadura nem Nicolás Maduro (...) o povo está sofrendo e porque perderam estão reprimindo a população, mas aqui estamos, com medo, mas esse medo não nos deterá", afirmou.
María González, reformada, foi de Los Valles del Tuy (90 quilómetros a sul da capital) a Caracas porque está "disposta a tudo, inclusive a ser detida".
"Já não me importa nada, porque a fome que passo aqui, passarei igual dentro da prisão", frisou González, denunciando que há vários hospitais encerrados e que depende de amigos para se alimentar.
Leia Também: Maduro pede que o mundo "não meta o nariz" na sua reeleição na Venezuela