Numa sessão para definir as competências da direção-geral das relações com as instituições religiosas e comunitárias, a Assembleia Municipal decidiu elencar "mesquitas, cemitérios, igrejas e sinagogas" como locais de culto, noticiaram os meios de comunicação social turcos.
Dar aos seus templos o estatuto oficial de locais de culto é uma reivindicação de longa data da comunidade Alevi, um ramo religioso que representa pelo menos 5% da população da Turquia, ou seja, cerca de 4 milhões de pessoas, de acordo com várias sondagens, embora existam registos com números muito mais elevados.
O Governo do Presidente da Turquia, o islamista Recep Tayyip Erdogan, sempre resistiu a dar este passo, considerando os 'cemevi' apenas como centros culturais, mas não religiosos, apesar de servirem para o ritual religioso semanal Alevi, muito diferente do uma oração muçulmana.
Dar a estes centros o estatuto de templo significaria reconhecer que a fé alevita não faz parte do Islão, referiu na sexta-feira Murat Türkyilmaz, porta-voz na Assembleia de Istambul do partido islamista AKP, fundado e liderado por Erdogan, ao explicar o voto contra da sua fação.
"Opomo-nos aos esforços para dar à fé Alevita uma imagem alternativa de ser uma 'religião' fora do Islão. Sabemos que esta imagem também preocupa muitos Alevitas", garantiu Türkyilmaz, à agência de notícias estatal Anadolu.
Os Alevis turcos, cuja prática de fé não coincide com a do ramo religioso alauita homónimo da Síria e do Líbano, formam uma comunidade à qual se pertence por ter nascido numa família Alevi e muitos dos seus membros não são muito religiosos ou declaram-se mesmo agnósticos.
Durante o ritual semanal, geralmente celebrado às quintas-feiras, homens e mulheres reúnem-se no 'cemevi', que pode ser qualquer edifício comunitário, sob a direção de um 'dede', uma espécie de sacerdote cujo ofício é hereditário, para invocar a Deus.
Repetem a fórmula "Alá, Maomé, Ali", mantendo-se ajoelhados, mas sem praticar os movimentos da oração muçulmana, nem a leitura de suras do Alcorão, e o ritual termina com uma dança de 12 jovens, seis rapazes e seis raparigas, bem como com a distribuição de pão e fruta a todos os participantes.
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