Yuri Kokhovets, de 38 anos, já tinha sido considerado culpado, no final de abril, por ter "desacreditado o exército", tendo sido condenado a cinco anos de trabalhos correcionais, mas acabou por ser libertado.
Contudo, a acusação recorreu da decisão, exigindo uma pena mais dura.
Hoje, um tribunal de Moscovo decidiu alterar o veredicto de Yuri Kokhovets e sentenciá-lo a cinco anos num campo penitenciário, anunciou o juiz, citado pela agência noticiosa oficial, TASS.
O arguido foi detido na sala de audiências, segundo um correspondente da agência presente na audiência.
Embora centenas de opositores, ativistas e cidadãos russos comuns tenham sido detidos por manifestarem dissidência desde o início do ataque da Rússia na Ucrânia, em fevereiro de 2022, este é o primeiro caso conhecido de acusação por terem respondido a perguntas de jornalistas.
Kokhovets respondeu espontaneamente, em julho de 2022, a um pedido de entrevista dos meios de comunicação Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), juntamente com depoimentos de outros transeuntes nas ruas de Moscovo, e criticou abertamente as autoridades, bem como a ofensiva na Ucrânia.
Questionado à saída de uma estação de metro, Kokhovets acusou os soldados russos de terem "matado sem razão" civis em Butcha, uma cidade perto de Kiev que foi palco de um massacre atribuído às forças de Moscovo.
Depois de ter sido detido e posteriormente libertado pela polícia, sujeito apenas a uma pequena multa, Kokhovets viu finalmente o seu caso reclassificado sob uma acusação introduzida no código penal no início do conflito e pela qual milhares de russos já foram condenados, por vezes com penas de prisão pesada.
Quase todos os principais opositores do regime do Presidente Vladimir Putin fugiram da Rússia ou foram presos.
O mais conhecido deles, Alexei Navalny, morreu em circunstâncias obscuras numa prisão no Ártico, em fevereiro.
Leia Também: Rússia justifica aumento do exército com ameaças do Ocidente