Israel sem alterações de orientações militares após explosões no Líbano

O Exército israelita afirmou hoje que acompanha o caso de milhares de explosões de 'pagers' no Líbano, que provocaram pelo menos nove mortes e cerca de 2.800 feridos, mas descartou alterações nas orientações militares em relação ao país vizinho.

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Lusa
17/09/2024 19:56 ‧ 17/09/2024 por Lusa

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Médio Oriente

"Neste momento não há alterações nas orientações do Comando da Frente Interna. A vigilância deve ser mantida e qualquer mudança na política será anunciada de imediato", segundo uma declaração militar, que não menciona diretamente o Líbano nem o grupo xiita libanês Hezbollah.

 

A declaração, a primeira das Forças Armadas desde a revelação dos acontecimentos de hoje no Líbano e que atingiram membros do Hezbollah, acrescenta que o chefe do Estado-Maior, Herzi Halevi, realizou uma "avaliação da situação" em conjunto com a liderança militar, com "ênfase na preparação para o ataque e a defesa".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Líbano atribuiu as explosões simultâneas, ocorridas ao princípio da tarde, a um "ciberataque israelita, no qual foi detonado um grande número de 'pagers'", e revelou que está a preparar uma queixa ao Conselho de Segurança da ONU.

"Esta deliberada escalada israelita coincide com as ameaças de expandir a guerra para o Líbano e com a sua postura intransigente, apelando para mais derramamento de sangue, destruição e sabotagem", acusou a diplomacia de Beirute em comunicado.

No mesmo sentido, o Hezbollah afirmou em comunicado que Israel é "inteiramente responsável" por "esta agressão criminosa" e que receberá a sua "justa punição".

"Depois de examinar todos os factos, dados atuais e informações disponíveis sobre o ataque maligno que ocorreu esta tarde, consideramos o inimigo israelita totalmente responsável por esta agressão criminosa que também teve como alvo civis e matou várias pessoas", declarou o grupo pró-iraniano no comunicado.

Entre os feridos, encontra-se o embaixador do Irão no Líbano, Mojtaba Amani, de acordo com a televisão estatal de Teerão, mas os seus ferimentos são ligeiros.

No seguimento das explosões de 'pagers', que atingiram também membros do Hezbollah presentes na Síria, os Estados Unidos instaram o Irão a evitar quaisquer ações que possam aumentar a tensão entre Israel e o seu aliado libanês.

"Pedimos ao Irão que não utilize o mais pequeno acontecimento para tentar alimentar a instabilidade e agravar ainda mais as tensões na região", declarou o porta-voz da diplomacia norte-americana, Matthew Miller.

Segundo o ministro das Telecomunicações do Líbano, Johanny Corn, os 'pagers' que explodiram faziam parte de um carregamento que "chegou recentemente" ao país.

Em declarações à imprensa após uma reunião do Conselho de Ministros, o governante indicou que ainda não recolheu informação suficiente sobre o sucedido, mas indicou que as baterias dos 'pagers' aqueceram e que algumas pessoas conseguiram afastar-se dos aparelhos antes de explodirem.

"Talvez tenham sido ativados remotamente, mas não sabemos como", acrescentou Corn, acrescentando que é mais provável que os 'pagers' tenham sido introduzidos no Líbano para este fim.

Israel está envolvido numa intensa troca de tiros com o grupo libanês desde 08 de outubro, quando o Hezbollah começou a lançar ataques em solidariedade com as milícias palestinianas do Hamas na Faixa de Gaza.

Na passada terça-feira, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que as missões das forças de Telavive na Faixa de Gaza estão quase cumpridas e que o foco estava a mudar para a fronteira com o Líbano, onde o constante fogo cruzado com o Hezbollah obrigou cerca de 60.000 pessoas a fugir das suas casas.

Nestes onze meses de troca de tiros, morreram mais de 650 pessoas em ambos os lados da fronteira, a maioria do lado libanês e nas fileiras do Hezbollah, que confirmou cerca de 400 vítimas, algumas também na Síria.

Em Israel, 50 pessoas morreram no norte: 24 soldados e 26 civis, incluindo 12 menores, num ataque nos Montes Golã ocupados na Síria.

Leia Também: Israel deixou de dar vistos a trabalhadores humanitários, denuncia ONU

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