O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, "poderia pôr termo aos ataques terroristas a Israel, e garanto-vos que, se o fizesse, insistiríamos junto de Israel na necessidade de manter a calma do seu lado", declarou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, à comunicação social.
"O que é importante lembrar é que ele não cessou esses ataques terroristas", observou.
Nasrallah admitiu hoje que foi infligido ao grupo pró-iraniano um golpe "sem precedentes", após as explosões mortais dos seus 'pagers' e 'walkie-talkies' no Líbano, prometendo uma "terrível" resposta a este ataque simultâneo de grandes dimensões, cuja responsabilidade atribuiu a Israel.
Israel receberá "um castigo terrível e uma justa retribuição, onde os espera e onde não os espera", advertiu o líder da formação libanesa, um dos principais atores da cena política no Líbano e aliado do movimento islamita palestiniano Hamas.
Num discurso transmitido pela televisão, anunciou a abertura de uma investigação interna sobre as explosões que fizeram na terça e na quarta-feira 37 mortos e quase 3.000 feridos, aumentando o medo de uma guerra em grande escala no Médio Oriente.
"Enquanto o Hezbollah lançar ataques terroristas através da sua fronteira [com Israel], é claro que Israel lançará ações militares para se defender, como faria qualquer outro país", acrescentou Matthew Miller.
Os Estados Unidos colocaram em 1997 o Hezbollah na sua lista de "organizações terroristas", sujeitas a sanções económicas e bancárias.
Desde 2013, a União Europeia também considera o braço armado do movimento uma "organização terrorista".
"Continuamos a insistir para que todas as partes evitem uma escalada do conflito (...) para uma guerra que sabemos prejudicará os interesses de todas as partes", disse ainda Matthew Miller.
A paz muito relativa e frágil que reinava na fronteira israelo-libanesa desde o fim da guerra de 33 dias entre Israel e o Hezbollah, no verão de 2006, transformou-se numa guerra latente desde que o movimento armado libanês reabriu a frente de combate, a 08 de outubro do ano passado, em solidariedade com o Hamas.
O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) é alvo de uma guerra de retaliação de Israel na Faixa de Gaza para o "erradicar", em resposta ao ataque que cometeu um dia antes, 07 de outubro, em território israelita, matando 1.194 pessoas, na maioria civis, e sequestrando 251.
Os combates transfronteiriços israelo-libaneses levaram à deslocação de dezenas de milhares de pessoas de ambos os lados e há meses que fazem temer o alastramento do conflito a toda a região do Médio Oriente.
Segundo um balanço da agência de notícias francesa AFP, o fogo cruzado na fronteira entre Israel e o Líbano já fez 624 mortas no Líbano, a maioria dos quais combatentes, mas pelo menos 141 civis foram também mortos.
Do lado israelita - incluindo nos Montes Golã sírios anexados por Israel -, as autoridades confirmaram a morte de pelo menos 24 soldados e 26 civis.
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