Após um debate aceso na quarta-feira, 211 deputados votaram contra a moção do Partido Conservador e 120 a favor, evitando o desencadeamento de eleições legislativas antecipadas, neste país do G7 com 41 milhões de habitantes.
A moção de censura apresentada pela oposição conservadora, que está bem à frente nas sondagens, surgiu depois de Justin Trudeau ter perdido há algumas semanas o apoio do seu principal aliado de esquerda, que pôs fim ao acordo político que o apoiava.
O líder conservador Pierre Poilievre criticou duramente, num discurso na terça-feira, o Governo de Trudeau, acusando o primeiro-ministro de ser incapaz de lidar com o aumento do custo de vida, a crise imobiliária e a criminalidade, ao mesmo tempo que a dívida nacional duplica.
Poilievre garantiu que, caso seja eleito primeiro-ministro, vai implementar "um plano sensato para eliminar a fixação de preços sobre as emissões de carbono" e que iria "construir casas, corrigir o orçamento e acabar com o crime".
No poder há cerca de dez anos, o Partido Liberal de Justin Trudeau tem sofrido reveses políticos desde o início do verão, enquanto as eleições legislativas estão previstas apenas no final de outubro de 2025.
Mas para esta moção de censura no Parlamento, os conservadores não conseguiram obter o apoio dos outros dois partidos da oposição, necessário para derrubar o Governo.
Os conservadores anunciaram a sua intenção de apresentar uma segunda moção de censura na quinta-feira, cuja votação terá lugar na próxima semana.
O Bloco Quebequense, um partido independentista, ameaçou hoje deixar de apoiar os liberais de Justin Trudeau a partir de 29 de outubro, se dois projetos de lei que propôs não forem adotados até lá.
De acordo com uma sondagem realizada na semana passada, os conservadores estão bem à frente dos liberais, com 45% de intenções de voto a nível nacional contra 25%.
A maioria dos analistas acredita que o Governo de Trudeau deverá conseguir resistir até à primavera de 2025 porque os pequenos partidos precisam de tempo para se prepararem para novas eleições e, tradicionalmente, o país não realiza eleições no inverno, por causa do clima.
Mas Geneviève Tellier, politóloga e especialista em política federal, observou à agência France-Presse (AFP) que "pode haver surpresa" e que "tudo é possível".
"Será mais difícil para o Governo governar, porque terá menos controlo sobre o programa legislativo", sublinhou.
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