Oposição da Venezuela agradece apoio de países, incluindo Portugal
A Plataforma Unitária Democrática da Venezuela (PUD), que reúne os principais partidos da oposição do país, agradeceu hoje o apoio de 31 países, entre eles Portugal, aos "princípios democráticos e direitos humanos" na crise pós-eleitoral.
© FEDERICO PARRA/AFP via Getty Images
Mundo Venezuela
"Agradecemos a declaração conjunta que, no âmbito da Assembleia Geral da ONU, 31 países fizeram a favor do respeito pelos princípios democráticos e pelos direitos humanos no nosso país", refere a PUD em comunicado.
Através das redes sociais, a PUD adianta que "a comunidade internacional condena a perseguição e as detenções arbitrárias e aplaude a expressão da vontade popular do povo venezuelano através da votação de 28 de julho" para as eleições presidenciais.
"Tal como o povo venezuelano, o mundo sabe muito bem a verdade do que aconteceu a 28 de julho e, por isso a soberania popular expressada deve ser respeitada", sublinham.
A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.
A oposição venezuelana e diversos países da comunidade internacional denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente, o que o CNE diz ser inviável devido a um "ciberataque" de que alegadamente foi alvo.
Os resultados eleitorais têm sido contestados nas ruas, com manifestações reprimidas pelas forças de segurança, com o registo de cerca de duas mil detenções e de mais de duas dezenas de vítimas mortais.
Portugal e 30 outros países, além da União Europeia, pediram quinta-feira o "regresso imediato" à Venezuela do Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) e o fim do impasse político do país.
À margem da Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque, os signatários reuniram-se para discutir as "graves preocupações sobre a situação urgente na Venezuela" e reiterar apoio ao respeito pelos princípios democráticos e à defesa dos direitos humanos no país, segundo um comunicado conjunto divulgado pelo Departamento de Estado norte-americano.
"Passaram-se quase dois meses desde a eleição, e os apelos por transparência eleitoral, tanto dos venezuelanos quanto da comunidade internacional, continuam sem resposta", diz o comunicado assinado pela Argentina, Austrália, Áustria, Bósnia e Herzegovina, Canadá, Costa Rica, Croácia, Dinamarca, República Dominicana, Estónia, União Europeia, Alemanha, Guatemala, Guiana, Hungria, Irlanda, Itália, Kosovo, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Países Baixos, Panamá, Peru, Portugal, Eslovénia, Espanha, Suécia, Ucrânia, Reino Unido e Estados Unidos.
A Venezuela, através do Ministério de Relações Exteriores, condenou o comunicado, que diz ter sido redigido pelos EUA e assinado "por um punhado dos seus governos satélites para atacar o povo venezuelano" e que "não é mais que um acumulado de infâmias, distorções e aspirações golpistas".
No comunicado os 31 países pedem à Venezuela que mantenha e cumpra os seus compromissos ao abrigo do Direito Internacional, particularmente como parte da Convenção de Caracas sobre Asilo Diplomático de 1954, oferecendo passagem segura aos seis requerentes de asilo atualmente alojados na residência oficial da Argentina e permitir que eles deixem o país.
Manifestaram ainda preocupação com a "repressão generalizada e contínua" no país, assim como os "abusos e violações de direitos humanos" relatados após as eleições. Também com a emissão, em 3 de setembro, de um mandado de prisão com motivação política, para o candidato presidencial Edmundo González Urrutia, que a oposição diz ter ganho as presidenciais.
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