Na madrugada daquele dia, um sábado, cerca de mil militantes do braço militar do Hamas - as Brigadas al-Qassam - e pelo menos quatro outros grupos armados palestinianos realizaram a operação 'Tempestade de Al-aqsa', na região sul de Israel que faz fronteira com a Faixa de Gaza.
Segundo um relatório da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch, os militantes realizaram vários ataques contra bases militares israelitas, comunidades residenciais civis - pelo menos 19 'kibutz' e cinco 'moshavim' (comunidades residenciais civis), as cidades de Sderot e Ofakim, dois festivais de música - incluindo o Nova - e uma festa na praia. Os combates prolongaram-se durante quase todo o dia e, em alguns casos, duraram ainda mais tempo.
No mesmo dia, Israel declarou guerra contra o Hamas e bombardeou o enclave palestiniano, iniciando cerca de três semanas depois uma ofensiva terrestre.
Mortos no ataque
Segundo dados oficiais israelitas, 1.139 pessoas morreram durante o ataque do Hamas: 695 civis israelitas, incluindo 36 crianças, 373 elementos das forças de segurança e 71 estrangeiros.
Reféns feitos pelo Hamas em 7 de outubro
Os militantes do Hamas e de outras fações palestinianas fizeram naquele dia 251 reféns, civis e militares.
Atualmente, permanecem retidos 97 reféns, incluindo 33 declarados mortos pelo exército israelita. Há ainda mais quatro reféns, raptados antes de 07 de outubro.
Até final de agosto, um total de 117 reféns tinham sido libertados - a grande maioria (105) durante a única trégua desde o início dos combates, no final de novembro.
Segundo a AFP, que fez um levantamento com base em dados oficiais, metade dos reféns mortos (35 em 70) já tinham morrido durante o ataque do Hamas e foram levados para Gaza - é o caso, nomeadamente, dos corpos de 10 soldados.
Outros 35 reféns morreram em Gaza. Três deles foram mortos a tiro por engano pelo exército israelita em 15 de dezembro de 2023.
Mortos, feridos e desaparecidos
Pelo menos 41.822 pessoas morreram e 96.844 ficaram feridas na sequência dos ataques israelitas na Faixa de Gaza, até esta sexta-feira, segundo o Ministério da Saúde do governo controlado pelo Hamas, números considerados fiáveis pelas Nações Unidas.
As autoridades de Gaza não distinguem entre mortos civis e militantes, mas cerca de 11 mil crianças e 6 mil mulheres terão morrido. Há ainda mais de 10 mil desaparecidos.
Do lado israelita, as autoridades dão conta de mais de 1.200 mortos e 5.400 feridos em Israel.
Em Gaza, 346 militares israelitas morreram e 2.297 ficaram feridos.
Mortos na Cisjordânia
De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), entre 07 de outubro e 23 de setembro, 693 palestinianos morreram na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Leste, região que vive um aumento da violência desde 07 de outubro.
A Unicef confirmou que mais de 150 crianças morreram na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Leste, no mesmo período.
Deslocados
Segundo a agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNWRA), 1,9 milhões de pessoas (de uma população total de 2,2 milhões) foram deslocadas internamente no enclave palestiniano (365 quilómetros quadrados). Em alguns casos, pessoas chegam a ser deslocadas dez vezes dentro do território.
Instalações destruídas
Mais de metade dos hospitais (19) da Faixa de Gaza está fora de serviço.
A ONU indica que todos os hospitais no enclave foram afetados e nenhum permanece completamente funcional.
Em 11 de setembro, 17 hospitais permaneciam parcialmente funcionais (três no norte de Gaza, sete em Gaza, três em Deir al Balah, quatro em Khan Yunis).
Apenas 1.500 camas de hospital estão operacionais, comparando com 3.500 camas em 2023, mesmo assim muito abaixo das necessidades da população.
As forças israelitas tinham feito 492 ataques contra infraestruturas de saúde até 19 de setembro. As Nações Unidas dão conta de 190 instalações danificadas e 130 ambulâncias destruídas.
Cerca de 85.000 toneladas de explosivos lançados em Gaza
Cerca de 85.000 toneladas de explosivos foram lançadas em Gaza por terra, mar e ar nestes últimos meses de guerra, deixando pelo menos 80.000 casas inabitáveis, 125 escolas e universidades completamente destruídas e mais de 600 mesquitas desmoronadas.
As Nações Unidas estimam que o volume de escombros acumulados em Gaza é 14 vezes superior à soma dos escombros gerados em todos os conflitos desde 2008, atingindo quase 42 milhões de metros cúbicos.
A reconstrução da Faixa de Gaza custaria entre 30 e 40 mil milhões de dólares (27 e 36 mil milhões de euros) e exigiria um esforço sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial.
Pessoal médico e humanitário morto
Mais de 280 trabalhadores humanitários mortos, dos quais pelo menos 222 funcionários da UNRWA.
Quanto a pessoal médico, as Nações Unidas dão conta de mais de 885 funcionários mortos até 24 de setembro, incluindo médicos, enfermeiros, paramédicos e outros trabalhadores.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, até àquela data tinham ocorrido 1.043 ataques contra infraestruturas de saúde na Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Leste desde 07 de outubro passado.
Jornalistas mortos
Segundo a organização Repórteres sem Fronteiras, mais de 130 jornalistas foram mortos por ataques israelitas desde o início desta ofensiva, incluindo pelo menos 32 no exercício das suas funções.
Condições de vida
Dois terços dos edifícios em Gaza (ou seja, 163.778 estruturas) sofreram danos em quase um ano de conflito, segundo o mais recente levantamento do Centro de Satélites das Nações Unidas (UNOSAT), conhecido na terça-feira.
Mais de um terço destas estruturas, num total de 52.564, foram totalmente destruídas e 18.913 foram gravemente danificadas, indicou a UNOSAT na sua nona avaliação por satélite da situação em Gaza, com base em imagens captadas de 03 a 06 de setembro.
A província de Gaza (no norte da Faixa de Gaza e onde se situa a capital do território) é a zona mais afetada pelo conflito, com 46.370 estruturas afetadas e 36.611 destruídas, acrescentou a UNOSAT.
De acordo com a OCHA, 495 mil pessoas - perto de um quarto da população - em Gaza estão a enfrentar "níveis catastróficos de insegurança alimentar".
Um total de 229 pacientes críticos foram retirados do enclave.
Educação
A totalidade dos alunos está sem acesso a educação formal.
Mais de 10.300 estudantes e 416 funcionários do setor de educação mortos (até 24 de setembro)
Cerca de 90% das escolas em Gaza estão destruídas (290 em 309 escolas), segundo o ministro da Educação palestiniano - dos estabelecimentos afetados, um terço são da UNRWA.
Economia afunda-se
A agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) indica que a economia no enclave palestiniano - mas também na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental - se afundou desde o início do conflito.
No início deste ano, 80-90% dos ativos agrícolas de Gaza, incluindo sistemas de risco, explorações pecuárias, pomares, bem como maquinaria e instalações de armazenamento, já tinham sido destruídos, com a consequente paragem na produção de alimentos.
Por outro lado, 82% das empresas privadas da Faixa de Gaza foram danificadas ou destruídas.
No período entre 7 de outubro e o final de 2023, o PIB de Gaza caiu 81% e, em meados deste ano, a economia do território estava apenas a um sexto do seu nível de 2022.
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