"O Brasil é generoso. Não tem contencioso com nenhum país porque a gente não deseja guerra. A guerra só destrói. Quando não perde a vida, perde escola, hospital, médico, uma série de coisas que trazem tranquilidade para a gente", afirmou, à chegada dos passageiros, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
"O que constrói é a paz", acrescentou o chefe de Estado, que recebeu o primeiro voo da operação Raízes do Cedro, para resgatar cidadãos nacionais ou que façam parte da comunidade brasileira no país.
No Líbano, a comunidade brasileira tem 20 mil pessoas e três mil manifestaram interesse em regressar ao Brasil.
"Espero que vocês encontrem no Brasil a felicidade que tiraram de vocês com esse bombardeio e que a gente possa reconstruir a nossa vida em paz aqui no Brasil", afirmou Lula da Silva, que destacou o peso daquela comunidade na história brasileira.
"Vocês sabem que o Brasil tem por volta de oito ou nove milhões de árabes e descendentes, a maioria libaneses" e, por isso, "somos agradecidos, porque vocês ajudaram a construir a cidade de São Paulo, o estado de São Paulo e o Brasil. Vocês têm muita responsabilidade por aquilo que somos", acrescentou o chefe de Estado brasileiro.
O objetivo das autoridades brasileiras é resgatar 500 pessoas por semana, utilizando Lisboa para escala técnica.
"Essa aeronave (o KC-30 da FAB) agora descola de volta para Lisboa, trocando a tripulação, para que amanhã possamos fazer o mesmo circuito e possamos, em 48 horas, trazer mais 230 pessoas", afirmou o militar Marcelo Kanitz Damasceno, responsável pela operação de resgate.
O cônsul do Líbano em São Paulo, Rudy El Azzi, agradeceu a ação das autoridades brasileiras.
"Precisamos do apoio do Brasil e do mundo. Dizem que o Brasil é gigante pela própria natureza. É gigante também pelo coração e acolhimento", disse.
Nos voos para o Líbano, o Brasil vai enviar equipamento médico e consumíveis, no quadro das promessas de apoio já feitas a Beirute.
No voo, foi feita a doação de 20 mil seringas com agulhas e 4 mil agulhas individuais, numa operação coordenada pelo Ministério da Saúde em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), do Ministério das Relações Exteriores.
Segundo as autoridades brasileiras, outros bens serão doados nos próximos voos, de acordo com as necessidades do Líbano.
O Hezbollah e Israel têm trocado ataques através da fronteira com o Líbano quase diariamente desde o dia seguinte ao ataque transfronteiriço do Hamas, em 07 de outubro de 2023, que matou 1.200 israelitas e fez 250 reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao grupo islamita palestiniano e desde então, de acordo com as autoridades controladas pelo Hamas, já matou mais de 41.000 civis palestinianos, mais de metade dos quais eram mulheres e crianças, bem como cerca de 2.000 pessoas no Líbano, a maioria desde 23 de setembro.
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