A Audiencia Provincial de Múrcia, em Espanha, decidiu que nenhum dos empresários - que admitiram ter pagado a uma rede de prostituição para abusar de menores - vai ser condenado a uma pena de prisão. A sentença está a gerar polémica entre vários coletivos de esquerda.
O grupo coletivo do Podemos Rebeldía Región de Murcia condenou a decisão, espalhando pela cidade cartazes e autocolantes com o rosto dos condenados.
"Ontem, os jovens de Rebeldía mobilizaram-se contra a decisão do Tribunal Provincial de Múrcia de libertar todos os pedófilos que violaram e exploraram sexualmente de meninas menores. Ontem à noite, vestimos Múrcia com os nomes desses desgraçados", anunciou o coletivo na rede X.
Ayer los jóvenes de Rebeldía nos movilizamos contra la decisión de la Audiencia Provincial de Murcia de dejar en libertad a todos los pederastas que violaron y explotaron sexualmente a chicas menores. Anoche vestimos Murcia con los nombres de estos miserables.#SeAcaboLaImpunidad pic.twitter.com/BuY0xDNvYS
— Rebeldía Región de Murcia (@RebeldiaRMurcia) October 4, 2024
A porta-voz do Podemos em Múrcia, María Marín, também se manifestou na mesma plataforma: "Seis anos e meio mais tarde, o Tribunal de Múrcia completa uma infâmia ao nível da sentença de La Manada. O movimento feminista mostrou então do que é capaz para dobrar o braço de um sistema judicial sexista e patriarcal".
Los empresarios pederastas y violadores de Murcia se libran de pisar la cárcel. 6 años y medio después la Audiencia de Murcia completa una infamia a la altura de la sentencia de la Manada. Entonces el movimiento feminista demostró de lo que es capaz para doblarle el brazo a una… pic.twitter.com/hvFUesqp4z
— María Marín (@MariaMarinMart) October 8, 2024
'La Manada' foi como ficou conhecido um grupo de cinco homens que violaram uma menina de dezoito anos em Navarra. Na altura, a Audiencia Provincial y Tribunal Superior de Navarra tinha classificado o crime como abuso sexual, que reduzia a pena dos condenados, mas acabou por mudar para violação depois de vários protestos.
A porta-voz da Asociación de Mujeres Diversa, María José Durán, lembra que a desculpa usada para libertar os condenados da prisão é a demora no processo. “Os atrasos no julgamento dos factos beneficiaram claramente os sete agressores, por oposição às vítimas, para quem o principal, 10 anos depois, é virar a página”, refere, citada pelo Diario Red.
Para a ativista feminista, é evidente que se trata de “homens com dinheiro e poder que escapam à prisão, apesar de terem cometido um crime sangrento contra raparigas”.
Os sete empresários - Juan Castejón Ardid, Juan Peque Álvarez, Antonio Morales Nicolás, Antonio Giménez Pelegrín, José A. Arce López, Juan Martínez Fernández e José Jara Albero - receberam uma repreensão em tribunal e terão também de pagar uma coima ligeira de, no máximo, 2.000 euros por cabeça.
Leia Também: Empresários envolvidos em prostituição de menores escapam à prisão