Depois de um ano de tiroteios transfronteiriços, Israel está agora a travar uma guerra aberta contra o movimento pró-Irão Hezbollah no país vizinho.
Telavive lançou um ataque terrestre no Líbano em 23 de setembro, que já provocou mais de 1.200 mortos e levou à deslocação de mais de um milhão de pessoas.
"Os alertas israelitas no sul do Líbano cobrem grandes áreas geográficas, levantando receios de que tenham sido lançados para uma deslocação em massa", referiu a organização de defesa dos direitos humanos em comunicado hoje divulgado.
A Amnistia admite ainda temer que "a maioria da população civil seja forçada a deslocar-se" para sul, na fronteira com Israel, onde os soldados israelitas estão a aumentar as operações terrestres, apoiadas por bombardeamentos aéreos.
Nos subúrbios do sul da capital, onde os ataques aéreos são diários e, por vezes, abalam toda a cidade, a secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, denunciou mesmo "ordens de evacuação inadequadas".
Algumas ordens foram acompanhadas de "mapas enganadores" e distribuídas demasiado tarde, como foi o caso de uma que foi divulgada "nas redes sociais e menos de 30 minutos antes dos ataques, a meio da noite".
Só durante a primeira semana de outubro, Israel ordenou a retirada de 118 comunidades do sul do Líbano, incluindo da aldeia cristã de Ain Ebel, que não tem ligações conhecidas com o Hezbollah xiita, indicou a Amnistia.
Apesar de tudo, estes avisos "não fazem do sul do Líbano uma zona proibida", sublinhou a organização, apelando a Israel para que minimize os riscos para os civis, cumprindo o direito internacional.
Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, um quarto do território libanês está atualmente afetado por ordens israelitas de retirada da população.
O Hezbollah começou a disparar foguetes contra Israel em 8 de outubro de 2023, um dia depois de o grupo extremista palestiniano Hamas ter atacado o sul de Israel, o que desencadeou a guerra em Gaza.
Desde então, Israel e o Hezbollah têm trocado tiros quase diariamente, tendo-se aproximado de uma guerra total em várias ocasiões, mas recuando até este mês.
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