"Este apoio significativo reflete o apoio maioritário da comunidade internacional ao trabalho do chefe do órgão e ao papel das Nações Unidas", refere uma declaração emitida por iniciativa do Chile e inicialmente apoiada pelo Brasil, Colômbia, África do Sul, Uganda, Indonésia, Espanha, Guiana e México.
O documento adverte que tais medidas, como a aprovada pelo Governo israelita, "minam a capacidade das Nações Unidas para cumprir o seu mandato", incluindo a mediação de conflitos.
"No Médio Oriente, isto pode atrasar ainda mais o fim de todas as hostilidades e o estabelecimento de uma via credível para uma solução de dois Estados, com dois países a viverem lado a lado em paz e segurança", afirmam as 105 nações, entre as quais figuram também a Alemanha e os Estados Unidos.
"Em tempos de tensão acrescida, o papel do secretário-geral é essencial para fomentar o diálogo e promover a paz e a compreensão. [...] O seu trabalho continua a ser crucial para assegurar o diálogo, facilitar os esforços humanitários e promover a paz e a estabilidade em todo o mundo", observaram.
"Reafirmamos o nosso total apoio e confiança no secretário-geral e no seu trabalho. Confiamos no seu empenho em prol da paz e da segurança e no cumprimento do direito internacional [...] e das resoluções pertinentes da ONU relativas à situação no Médio Oriente", reafirmaram.
Os cerca de 100 países exortaram todas as partes a trabalhar de forma construtiva com a ONU para alcançar uma solução sustentável e justa através dos canais diplomáticos e a evitar "ações que possam minar o papel fundamental das Nações Unidas".
A 02 deste mês, através do chefe da diplomacia israelita, Israel Katz, o Governo do primeiro-ministro israelita, Benjamim Netanyahu, declarou Guterres 'persona non grata'.
Katz criticou fortemente Guterres por não ter "condenado inequivocamente o odioso ataque de mísseis do Irão" um dia antes contra território israelita e acusou-o de ser um "secretário-geral anti-israelita que apoia terroristas, violadores e assassinos".
As relações entre a ONU e Israel - um Estado criado por uma resolução da ONU aprovada em 1947 -- têm sido notoriamente difíceis e estão no seu ponto mais baixo desde 07 de outubro de 2023, data do ataque sem precedentes conduzido pelo grupo extremista palestiniano Hamas contra território israelita, que desencadeou a guerra em curso na Faixa de Gaza.
Dias depois, durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU, em que participaram os embaixadores de Israel e do Irão, António Guterres veio "condenar, mais uma vez, nos termos mais fortes, o ataque maciço de mísseis do Irão contra Israel".
No entanto, condenou os dois inimigos declarados, denunciando o "ciclo doentio" de violência numa região à beira de um "precipício".
A 01 deste mês, o Irão bombardeou Israel com mísseis, em retaliação pelos assassinatos do líder da milícia libanesa Hezbollah, Hassan Nasrallah, e de um general iraniano em Beirute, bem como do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerão.
Na sequência do ataque, Israel afirmou que irá responder, ao que o Irão insistiu que irá ripostar com mais força.
Israel intensificou os bombardeamentos no Líbano desde 23 de setembro, depois de uma ofensiva de 11 meses na Faixa de Gaza, que se seguiu a um ataque do grupo extremista palestiniano Hamas em solo israelita.
O Hezbollah, apoiado pelo Irão tal como o Hamas, atacou o norte de Israel a partir do sul do Líbano desde o início da guerra em Gaza em solidariedade com os palestinianos.
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