A dois dias de ir a tribunal, um homem que avançava com um processo contra três mulheres que ajudaram a antiga esposa a realizar um aborto desistiu do processo.
Em causa estava o caso de Brittni Silva, que há um ano e meio viu a sua vida ser virada do avesso, assim como as suas amigas por terem ajudado a mulher a realizar um aborto. As três amigas estavam acusadas de homicídio culposa, depois de terem arranjado medicamentos para que a 'ex' realizasse a intervenção no Texas, um dos estados norte-americanos que mais restringe o direito ao aborto.
O homem pedia ainda uma indemnização no valor de um milhão de dólares - a cada uma.
"Passámos os últimos 19 meses da nossa vida a ser assediadas por este homem, por este caso", explicou uma das amiags, Jackie Noyola, à Rolling Stone, acrescentando: "Tem sido stressante. Teve impacto no nosso trabalho, nas nossas famílias e na nossa reputação. Nunca vamos recuperar esse tempo, mas estou contente por termos ganho".
O 'ex', Marcus Silva, era representado pelo advogado Jonathan Mitchell, que já representou o antigo presidente dos EUA Donald Trump. Quando Trump estava no cargo, o Supremo Tribunal dos EUA reverteu a lei conhecida como Roe vs. Wade, abrindo assim a porta a que o aborto fosse proibido em muitos estados - com as restrições apertadas.
Os advogados de Brittni Silva descreveram o caso como uma tentativa de usar o "processo judicial para assediar, oprimir, extorquir e intimidar" a mulher, depois de esta o ter deixado. Segundo a Rolling Stone, Marcus Silva prometeu mesmo abandonar o processo se a 'ex' tivesse relações sexuais com ele.
Uma das mensagens de Brittni Silva enviadas às amigas dizia: "Agora ele diz que se eu não lhe der a minha 'mente, corpo e alma' até ao fim do divórcio, que ele vai arrastar, ele vai garantir que eu vou para a prisão pelo aborto".
As amigas contaram mesmo que quando souberam que foram processadas, em março de 2023, acharam que se tratava de uma piada. "Parecia uma partida que o Marcus faria, como se estivesse a querer meter-se connosco", explicaram.
Agora, as amigas estão 'livres', mas sublinham que é "algo que não se esquece". "A verdade é que podem pesquisar os nossos nomes 'online' e a palavra 'assassinas' aparece por ajudarmos a nossa amiga", disseram.
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