Num comício, acompanhado pela Lusa, no hangar do Aeroporto Regional de Reading, Vance foi recebido, no sábado, com euforia por centenas de eleitores republicanos que o viram descer de um avião com o 'slogan' "Make America Great Again" [tornar a América grande outra vez] e respondeu a várias perguntas colocadas pelo público sobre os planos para o país.
Da inflação à crise imobiliária, passando pela segurança eleitoral, imigração, a competitividade com a China ou a luta contra o comunismo, o companheiro de corrida eleitoral de Donald Trump abordou algumas das principais preocupações do eleitorado republicano e teceu duras críticas aos rivais democratas, prometendo restaurar o poder da indústria em locais como Reading, que já chegou a ter o título de "cidade mais pobre dos EUA".
O senador do Ohio afirmou que uma das prioridades é "proteger o setor de manufatura dos EUA", especialmente face à China, advogando que esse processo passará por uma maior produção doméstica de energia.
"Estamos na Pensilvânia. Estamos sentados na Arábia Saudita do gás natural. Precisamos de libertar isso e isso reduzirá os custos para todos, porque todos nós usamos energia, e todos nós usamos coisas que são feitas de energia, mas também facilitará a fabricação nos EUA", declarou, recordando que o ex-presidente e candidato republicano, Donald Trump, defende a extração de combustíveis fósseis para impulsionar a produção de energia do país.
Questionado por uma apoiante sobre como manter os EUA competitivos em relação à China, Vance defendeu que a solução passa pela proposta de Trump de impor tarifas.
"Não podemos confiar em países que nos odeiam para produzir as nossas coisas", afirmou o candidato à vice-presidência, sendo aplaudido pelo público.
O senador, de 40 anos, considerou ainda uma "ameaça à democracia" a substituição do atual Presidente, Joe Biden, pela vice-Presidente, Kamala Harris, como candidata presidencial democrata.
Um dos eleitores perguntou a JD Vance como é que o eleitorado pode ter a certeza que o próximo sufrágio será justo. O senador voltou a difundir a falsa alegação de que os democratas roubaram as eleições de 2020, quando Joe Biden derrotou Trump, mas assegurou "que tudo funcionará melhor" este ano
"Votem! Faremos tudo para que os votos legais sejam contados", pediu.
No hangar do Aeroporto Regional de Reading, grande parte do público usava camisolas com a imagem icónica do momento em que Donald Trump ergueu o punho para a multidão logo após ser atingido na orelha por uma bala num evento de campanha em julho passado, precisamente na Pensilvânia.
No final, um grupo de republicanas confessou à Lusa uma grande admiração pelo senador do Ohio, sublinhando que vai na dupla republicana Trump/Vance nas eleições de 05 de novembro.
"Como não o adorar?! Ele sentou-se aqui e falou connosco de uma forma honesta. Irei votar em Trump e Vance sem sombra de dúvida", disse uma eleitora septuagenária.
"A minha esperança é que os meus netos consigam ter o mesmo país que eu tive quando era mais nova, com respeito, amor e fé. Neste momento, tudo no país me preocupa", acrescentou.
A Pensilvânia tornou-se uma paragem de rotina para as campanhas de Trump e Harris, uma vez que deverá ser um estado decisivo nas presidenciais.
Um levantamento feito pelo jornal New York Times indicou que Kamala Harris e Donald Trump estão a investir mais verbas, tempo e energia na Pensilvânia do que em qualquer outro lugar, travando uma guerra publicitária enquanto cruzam o estado.
A vice-Presidente tem seguido o conselho do senador democrata John Fetterman para que a campanha democrata passe mais tempo com eleitores da Pensilvânia fora das regiões da Filadélfia e Pittsburgh, ambas já amplamente democratas, direcionando-se para o interior conservador do estado para tentar travar uma possível vantagem de Trump nessas regiões.
Nos arredores de Reading, a cerca de 100 quilómetros de Filadélfia - a maior cidade da Pensilvânia -, o domínio do apoio público a Donald Trump em relação a Kamala Harris é visível em dezenas de casas, que ostentam cartazes de apoio a Trump e a Vance, colocados em jardins ou janelas, juntamente com a bandeira dos EUA.
Também eram de maioria republicana os 'outdors' publicitários, com apelos diretos ao voto em Trump.
A nível nacional, Kamala Harris mantém uma ligeira vantagem sobre Donald Trump, mas tem vindo a perder terreno nas sondagens, que mantêm todos os cenários de vitória em aberto.
Harris terminou a semana com uma vantagem de 48,4% contra 46% das intenções de voto, de acordo com as contas do 'site' Fivethirtyeight, que usa a média de várias sondagens nos Estados Unidos.
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