"Condenamos de forma rotunda a declaração de ontem [domingo] do primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu", disse Sánchez, referindo-se ao líder do Governo de Israel, que pediu à Organização das Nações Unidas (ONU) para retirar os capacetes azuis que estão no Líbano, uma força de paz liderada por Espanha e que integra mais de 600 militares espanhóis.
As instalações da força da ONU (UNIFIL, na sigla em inglês) foram alvo de ataque por parte das forças armadas israelitas nos últimos dias, com Telavive a dizer que estão a funcionar como escudo da milícia Hezzbollah.
"A comunidade internacional deve blindar o seu apoio às Nações Unidas", disse hoje Pedro Sánchez em Barcelona, na abertura da conferência "World in Progress", organizada pelo grupo de comunicação social Prisa.
Sánchez sublinhou que Netanyahu pediu a retirada do terreno de uma missão das Nações Unidas "que o que faz é favorecer a paz" entre o Líbano e Israel.
"Não vai haver retirada da UNIFIL", afirmou, considerando que o que está a acontecer no terreno justifica mais do que nunca a presença da força de paz no Líbano e que as instituições e fóruns multilaterais, que trabalham pela paz, pela democracia e pela ordem internacional, têm de ser defendidas.
Sánchez disse esperar a mesma posição de outros países e apelou ao despertar da comunidade internacional em relação a Israel e ao que está a acontecer no Médio Oriente.
"Atuemos com determinação, com enorme empatia com a população israelita pelo que sofreu, mas também com determinação contra um Governo e um primeiro-ministro, Nethanyau, que tem uma única pretensão, que é impor uma nova ordem regional pela força".
"A única coisa que vai trazer é mais desordem, mais destruição ao Médio Oriente e, por consequência, mais instabilidade ao mundo", acrescentou.
Para Pedro Sánchez, o Governo de Netanyahu tem como plano de ação "destruir a solução política dos dois Estados" (Palestina e Israel), que considerou a única para haver paz duradoura na região.
O primeiro-ministro espanhol reiterou também o pedido de bloqueio total de venda de armas a Israel, que fez na sexta-feira, e disse que está na hora de a Comissão Europeia responder ao pedido feito por Espanha e pela Irlanda há nove meses para a suspensão do acordo de associação com Israel em caso de estar a haver, por parte de Telavive, "como tudo sugere", violações de direitos humanos no território palestiniano de Gaza e no Líbano.
"A escalada [da guerra no Médio Oriente] não é uma possibilidade, já é uma certeza", afirmou, questionando em que momento a comunidade internacional "normalizou toda a barbárie" que está a acontecer, com 800 bombas por dia em média a serem lançadas sobre Gaza no último ano ou instalações de uma força da ONU a serem atacadas no Líbano.
Telavive invadiu o Líbano, um ano depois de ter feito o mesmo na Faixa de Gaza.
A incursão militar israelita em Gaza, iniciada em outubro de 2023, teve como objetivo debelar as forças do movimento radical Hamas e foi uma resposta a um ataque deste grupo.
No Líbano, a incursão é justificada com a necessidade de diminuir as capacidades militares do Hezbollah, grupo miliciano apoiado pelo Irão.
Tal como aconteceu com Gaza, Israel está a ser criticado pela resposta, considerada desproporcionada e pelos bombardeamentos em áreas com grande densidade populacional, como Beirute, capital do Líbano.
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