De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, no encontro, "as partes tiveram uma discussão aprofundada sobre a cooperação na esfera humanitária no contexto do conflito em torno da Ucrânia e abordaram uma série de questões actuais na agenda bilateral e internacional".
A nota de imprensa, que foi acompanhado por uma fotografia dos dois homens a cumprimentarem-se com um aperto de mão, refere ainda que "tomaram nota do desenvolvimento construtivo do diálogo Rússia-Vaticano".
A questão dos menores deportados para a Rússia, que a Ucrânia refere serem milhares, é um dos principais temas da nova missão confiada pelo Papa Francisco ao cardeal Matteo Zuppi.
O diretor do gabinete de imprensa do Vaticano, Matteo Bruni, confirmou que o presidente da CEI e arcebispo de Bolonha tentará "unir novos esforços para promover o reagrupamento familiar das crianças ucranianas e a troca de prisioneiros, com vista a alcançar a tão esperada paz".
Na viagem anterior, Zuppi encontrou-se com o conselheiro diplomático do Kremlin, Yuri Ushakov, com a dirigente Maria Belova, que muitos analistas consideram ser a verdadeira arquiteta das deportações forçadas de crianças ucranianas para território russo, e com o patriarca Kirill, mas não foi recebido por Vladimir Putin ou pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.
O encontro de hoje realizou-se três dias depois de o papa ter recebido no Vaticano o presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, no âmbito de uma digressão europeia do governante para pedir mais ajuda aos líderes do Reino Unido, França, Alemanha e Itália, contra a invasão russa.
O Presidente ucraniano explicou mais tarde que, durante a audiência privada, pediu o apoio diplomático da Santa Sé para o regresso dos ucranianos detidos. "A questão do repatriamento dos nossos compatriotas esteve no centro do meu encontro com o Papa Francisco. Contamos com a ajuda da Santa Sé para ajudar a repatriar os ucranianos capturados pela Rússia", escreveu Zelensky no X.
O Vaticano desempenhou um papel fundamental na libertação, em 2024, de dois padres católicos ucranianos que foram capturados pela Rússia, e desempenhou um papel de mediador elogiado por Kyiv. Em maio, o Papa Francisco apelou a uma troca geral de todos os prisioneiros entre a Rússia e a Ucrânia e recordou "a disponibilidade da Santa Sé para encorajar todos os esforços nesse sentido".
Esta foi a terceira vez que o pontífice recebeu o presidente ucraniano desde 2020 e a segunda desde o início do conflito. A última reunião bilateral no Vaticano teve lugar em 13 de maio de 2023.
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