O evento, acompanhado no local pela agência Lusa, deveria ser uma sessão de perguntas e respostas entre o eleitorado e o candidato republicano à Casa Branca, mas Trump -- que chegou ao palco com cerca de uma hora de atraso - rapidamente improvisou um alinhamento diferente para o comício, que decorreu na noite de segunda-feira nos subúrbios de Filadélfia, no estado da Pensilvânia.
Após ter respondido a algumas perguntas do público sobre temas como criminalidade, inflação ou fronteira, e em que divagou em algumas das suas respostas, Trump decidiu interromper a sessão devido a duas emergências médicas registadas nas bancadas, motivadas pelo calor que se fazia sentir no interior do Centro de Exposições e Feiras da Grande Filadélfia.
Quer Trump, quer a governadora da Dakota do Sul e moderadora do evento, Kristi Noem, pediram que se abrissem amplamente as portas do local para melhor a circulação do ar, mas por razões de segurança, permaneceram fechadas, o que levou o público a abandonar o comício gradualmente.
Foi então que, perante as situações de emergência médica, o ex-presidente pediu que fosse tocada a música "Ave Maria". A partir daí, o evento de campanha não mais voltou ao formato inicial, com Donald Trump a pedir música atrás de música, num momento incomum e improvisado.
A seleção musical escolhida pelo magnata republicano passou por 'Time To Say Goodbye' de Andrea Bocelli e Sarah Brightman, seguindo para 'It's a Man's World' de James Brown e Luciano Pavarotti, 'YMCA' dos Village People, 'Hallelujah' de Rufus Wainwright, 'Nothing Compares 2 U' de Sinead O'Connor, 'An American Trilogy' de Elvis Presley, 'Rich Men North of Richmond' de Oliver Anthony ou 'November Rain' dos Guns N' Roses.
O momento gerou confusão entre o público, que não entendia o que estava a acontecer, enquanto Donald Trump apenas permanecia no palco, balançando o corpo ao som da música e olhando e cumprimentando a multidão.
Enquanto a cena se desenrolava, o porta-voz de Trump, Steven Cheung, escreveu na plataforma X que "algo muito especial" estava a acontecer na Pensilvânia", acrescentando que Trump "é diferente de qualquer político na história, e isso é ótimo".
"Deus te abençoe, Presidente Trump", gritou um homem com um boné em que se podia ler o 'slogan' "Make America Great Again" [tornar a América grande outra vez].
Visivelmente confusa, Kristi Noem tentou por várias ocasiões dar o evento por terminado, despedindo-se do público, mas Trump continuava a pedir à sua equipa que colocasse mais música.
"Se vencermos a Pensilvânia, vencemos tudo", afirmou o magnata num dos momentos de interação com o eleitorado.
"Se vencermos aqui, vamos reparar este país...e vamos fazer isso rápido", reforçou Trump, num evento em que por diversas vezes atacou a sua concorrente democrata, a vice-presidente Kamala Harris.
No público, centenas de pessoas usavam camisolas com a imagem icónica do momento em que Donald Trump foi atingido por uma bala num evento de campanha em julho passado, precisamente na Pensilvânia.
"Tenho ido a vários eventos de campanha do Trump. O curioso é que eu nem sequer me importava com a política quando era mais novo, mas todos estes problemas, como a inflação, o aumento do preço da gasolina, os imigrantes ilegais...fizeram-me ganhar interesse. Já fui ver o Trump a cinco estados", disse à Lusa John, um eleitor republicano do estado do Maryland, que tem na questão da fronteira e imigração uma das suas maiores preocupações e confia no magnata para resolver esses problemas.
"Sabemos que é Donald trump quem resolverá esta situação, ele tem sido bem consistente", advogou o homem de 44 anos.
Já Gary, um produtor de rádio da Pensilvânia, assegurou à Lusa não cultivar qualquer "culto de personalidade" em torno de Donald Trump, avaliando que existe uma "má interpretação" da figura de Trump, quer nos Estados Unidos, quer no exterior.
"As minhas principais preocupações são a segurança da nossa fronteira, os gastos governamentais que causam inflação, comércio e, a um nível mais local, a falta de aplicação da lei contra crimes menores e Donald Trump é o homem certo para resolver todas estas questões e lamento que haja uma má interpretação da sua figura", disse, assumindo ser um grande defensor das políticas promovidas pelo magnata republicano.
A Pensilvânia tornou-se uma paragem de rotina para as campanhas de Donald Trump e Kamala Harris, uma vez que deverá ser um estado decisivo nas presidenciais, com cerca de sete milhões de votos a serem disputados.
Um levantamento feito pelo jornal New York Times indicou que os dois candidatos estão a investir mais verbas, tempo e energia na Pensilvânia do que em qualquer outro lugar, travando uma guerra publicitária enquanto cruzam o estado até ao sufrágio de 05 de novembro.
Na Pensilvânia, Trump derrotou a antiga candidata presidencial democrata Hillary Clinton por mais de 40.000 votos em 2016, mas o atual Presidente, Joe Biden, nascido neste mesmo estado, derrotou Trump por cerca de 80.000 votos há quatro anos.
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