Putin diz que uso de moedas nacionais reduz riscos geopolíticos a BRICS

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, defendeu hoje que os pagamentos em moedas nacionais reduzem os "riscos geopolíticos" para as economias do grupo dos BRICS, constituído pelas principais economias emergentes do mundo.

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© ALEXANDER KAZAKOV/POOL/AFP via Getty Images

Lusa
22/10/2024 12:56 ‧ 22/10/2024 por Lusa

Mundo

BRICS

"O aumento dos pagamentos com moedas locais permite reduzir o serviço da dívida, aumentar a independência financeira dos países BRICS e minimizar os riscos geopolíticos, separando, tanto quanto possível no mundo de hoje, a política do desenvolvimento económico", disse Putin durante um encontro com a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do bloco, a ex-chefe de Estado brasileira Dilma Rousseff.

 

O líder do Kremlin (presidência russa) recebe a partir de hoje em Kazan cerca de 20 líderes estrangeiros, aliados ou parceiros, na cimeira anual dos BRICS, uma aliança de países emergentes que a Rússia quer ver competir com a "hegemonia" ocidental.

O grupo, inicialmente designado como BRIC, foi criado informalmente em 2006 pelo Brasil, Rússia, Índia e China (a primeira cimeira oficial seria em 2009) para defender uma maior representação dos países emergentes e em desenvolvimento nas organizações internacionais.

Em 2010, a adesão da África do Sul acrescentou a letra S à sigla.

Este ano, o bloco angariou mais quatro membros: Etiópia, Irão, Egito e Emirados Árabes Unidos.

A Turquia, membro da NATO com uma relação complexa com Moscovo e com o Ocidente, anunciou no início de setembro a sua intenção de aderir ao bloco. A Arábia Saudita está a ponderar a sua participação como membro de pleno direito.

O Presidente russo tem apelado regularmente à redução da dependência da economia russa do dólar, uma moeda estrangeira considerada "tóxica" por Moscovo, tendo reforçado o apelo à medida que o país vai sendo alvo de mais sanções ocidentais, impostas devido à ofensiva na Ucrânia lançada em fevereiro de 2022.

Putin tem também tentado encontrar uma alternativa ao sistema de pagamentos internacional Swift, que alimenta a maioria das transferências internacionais de dinheiro, do qual os bancos russos foram quase totalmente excluídos.

Recentemente, Putin vangloriou-se sobre o atual peso dos BRICS na economia mundial, afirmando que o Produto Interno Bruto (PIB) conjunto do bloco ultrapassa os 60 biliões de dólares.

Dilma Rousseff também apoiou a ideia de aumentar o uso de moedas nacionais nas taxas de câmbio, afirmando que "os países do Sul Global têm uma grande necessidade de financiamento, mas as condições para o obter são muito complicadas".

"É por isso que é muito importante garantir o financiamento em moedas nacionais", observou, segundo a tradução russa das declarações da representante.

O banco que dirige foi criado como alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial, duas instituições controladas pelo Ocidente.

O encontro de Putin com Dilma Rousseff é o primeiro da maratona de encontros bilaterais que se realizará à margem da cimeira dos BRICS, que inicia na quarta-feira as suas atividades formais e que irá decorrer em Kazan, na república russa do Tartaristão, até quinta-feira.

 

PMC // SCA

Lusa/Fim

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