"A eleição para Presidente da República da Bielorrússia será realizada em 26 de janeiro de 2025", informou a Comissão Eleitoral na rede social Telegram.
Através da rede social X, a líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaya, reagiu de imediato ao anúncio oficial, afirmando que o escrutínio será um "simulacro de eleições", "sem um verdadeiro processo eleitoral" e que será conduzido "num clima de terror".
"Não serão permitidos candidatos alternativos ou observadores. Apelamos aos bielorrussos e à comunidade internacional para que rejeitem esta farsa", acrescentou a líder da oposição.
As últimas eleições presidenciais na Bielorrússia, em 2020, deram origem a manifestações sem precedentes no país, um reconhecido aliado da Rússia.
Centenas de milhares de pessoas saíram às ruas na capital Minsk e em outras cidades do país para contestar a reeleição de Lukashenko, considerada fraudulenta. O movimento de contestação seria duramente reprimido pelo Governo de Lukashenko.
Desde então, o Governo bielorrusso tem liderado uma repressão impiedosa de todos os dissidentes, levando centenas de milhares de pessoas a fugir para o estrangeiro, especialmente para a vizinha Polónia.
Segundo a organização não-governamental (ONG) de direitos humanos Viasna, 1.300 pessoas estão atualmente "presas injustamente" na Bielorrússia por terem demonstrado a sua oposição ao Governo ou por outros assuntos com ligações políticas.
Uma das líderes do movimento de protesto de 2020, Maria Kolesnikova, foi condenada a 11 anos de prisão e enfrenta sérios problemas de saúde. Os familiares de Maria Kolesnikova não têm notícias da opositora desde fevereiro de 2023.
Também Svetlana Tikhanovskaya, exilada na Lituânia, não tem notícias do marido, Sergei Tikhanovsky, igualmente detido.
A Bielorrússia é um aliado próximo e tradicional de Moscovo, mas absteve-se de participar diretamente na ofensiva russa na Ucrânia lançada em 24 de fevereiro de 2022.
No entanto, cedeu o seu território ao exército russo para o ataque inicial e, de acordo com Kiev, permitiu que fossem utilizados os seus campos de aviação para que a Rússia pudesse realizar os bombardeamentos na Ucrânia.
Durante uma revisão da doutrina nuclear russa, no final de setembro, o Presidente Vladimir Putin garantiu que o exército russo protegeria a Bielorrússia com as suas armas nucleares "em caso de agressão" contra Minsk.
A Rússia instalou armas nucleares táticas na Bielorrússia durante o verão de 2023, um novo sinal da proximidade diplomática e militar entre os dois países.
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