"Taiwan é território chinês. O facto de um porta-aviões chinês estar a navegar no seu próprio território e nas suas águas territoriais é completamente normal", segundo Lin Jian, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, numa habitual conferência de imprensa.
O Ministério da Defesa de Taiwan tinha informado, em comunicado, ter detetado a passagem do "Liaoning", o mais antigo dos porta-aviões chineses, pelo estreito de Taiwan, na noite de terça-feira.
De acordo com o ministério, o navio navegou na direção norte com outros navios da marinha chinesa, depois de ter passado em torno da ilha de Pratas, um território controlado por Taiwan na parte norte do mar do Sul da China.
"Atualmente, o porta-aviões dirige-se para noroeste", disse o ministro da Defesa de Taiwan, acrescentando que, após as últimas manobras da China, nas quais o Liaoning participou, as Forças Armadas de Taiwan têm acompanhado "de perto" os movimentos do porta-aviões.
Por seu lado, o ministro da Defesa do território tinha referido que um bloqueio de Taiwan pela República Popular da China constituiria, por si só, um "ato de guerra", depois de Pequim ter encenado este cenário durante os últimos exercícios militares.
Wellington Koo afirmou, citado pela imprensa local, que o bloqueio podia ser considerado um "ato de guerra", de acordo com a definição da ONU, uma vez que, para tal, o Exército chinês teria de proibir totalmente a entrada de navios e aviões em Taiwan, um território governado autonomamente desde 1949 e considerado por Pequim como uma província sua.
"Há uma diferença significativa entre as manobras militares e um bloqueio efetivo, e o impacto na comunidade internacional seria completamente diferente", observou.
As observações foram feitas nove dias depois de a China ter efetuado nova vaga de exercícios militares em torno de Taiwan, nos quais os militares chineses simularam um bloqueio dos portos e de outras áreas importantes da ilha.
Durante estes exercícios, a China utilizou um número recorde de 153 aeronaves, incluindo caças, helicópteros e veículos aéreos não tripulados ("drones"), e usou a Guarda Costeira para cercar a ilha principal de Taiwan pela primeira vez.
Em agosto passado, o Conselho para os Assuntos Continentais de Taiwan publicou um relatório em que advertia que Pequim podia utilizar porta-aviões para cercar a ilha e impedir qualquer assistência externa através de uma estratégia "anti-acesso / negação de área" (A2/AD).
A agência encarregada das relações com a China continental referiu que os porta-aviões Liaoning e Shandong estão a "desenvolver constantemente capacidades de combate" e a "realizar treinos a longo prazo além da primeira cadeia de ilhas", para "construir uma capacidade de defesa entre a primeira e a segunda cadeia de ilhas".
A primeira cadeia de ilhas é um conceito estratégico que normalmente se refere à linha que vai das ilhas Curilhas, passando pelo Japão, Taiwan e Filipinas, até Singapura, enquanto a segunda cadeia de ilhas se estende do arquipélago japonês de Ogasawara até Palau.
Leia Também: Taiwan diz que bloqueio da ilha pela China seria ato de guerra