"A escala do envolvimento militar, o contexto geopolítico, o impacto humanitário e as consequências económicas em 2024 serão provavelmente muito maiores do que em 2006, quando começou a guerra de julho-agosto entre Israel e o Hezbollah", salientou o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na sua primeira avaliação do impacto económico no Líbano.
Israel e o grupo xiita libanês Hezbollah estão envolvidos numa guerra aberta no sul Líbano, onde o exército israelita lançou uma ofensiva terrestre no final de setembro, após um ano de troca de tiros na fronteira.
A atual escalada, acrescentou, "surge numa altura em que o Líbano já está enfraquecido por anos de crise política, económica e social".
O PIB registou uma contração de 28% entre 2018 e 2021 e a libra libanesa perdeu 98% do seu valor, o que levou a uma inflação galopante e a uma perda de poder de compra da população, segundo o relatório.
Ainda assim, a situação económica estabilizou em 2022 e 2023 e, antes da guerra, a agência da ONU esperava um crescimento de 3,6% da economia libanesa em 2024, afirmou Kawthar Dara, economista do gabinete do PNUD no Líbano.
No entanto, se o conflito se prolongar até ao final do ano, "a economia contrair-se-á 9,2%" em 2024, disse.
Kawthar Dara afirmou que as consequências económicas se devem à paragem da atividade económica e, com um impacto a longo prazo, à destruição de fábricas, estradas, redes de irrigação agrícola e redes elétricas.
O conflito, que se intensificou a partir de 23 de setembro, "ameaça desestabilizar ainda mais a já frágil economia libanesa", com um impacto "profundo e considerável" no PIB e no desemprego, a longo prazo, insistiu o PNUD.
Ainda que o conflito termine até ao final do ano, "as consequências da escalada das hostilidades no Líbano deverão prolongar-se durante anos".
Sem um apoio internacional significativo, as perspetivas económicas permanecem sombrias", prevendo-se que o PIB diminua 2,28% em 2025 e 2,43% em 2026, de acordo com o relatório.
Devido à degradação das condições de vida da população, "é imperativo que a comunidade internacional mobilize imediatamente a ajuda humanitária", mas também, "em paralelo", a ajuda ao desenvolvimento "para apoiar a estabilidade económica, social e institucional, em domínios como a água, a alimentação, a saúde, o saneamento e as infraestruturas", insistiu a agência da ONU.
Está prevista para quinta-feira, em Paris, uma conferência internacional sobre o Líbano, cuja prioridade será responder ao apelo da ONU para 400 milhões de dólares (371 milhões de euros) de ajuda às pessoas deslocadas, segundo a Presidência francesa.
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