Os jornalistas Robert Greene e Karin Klein apresentaram as demissões na quinta-feira, um dia depois de a responsável pelos editoriais, Mariel Garza, ter deixado o órgão em protesto contra a decisão de o jornal não apoiar um candidato pelo proprietário, Patrick Soon-Shiong.
Vencedor do prémio Pultizer em 2021 pela análise ao sistema de justiça criminal da maior cidade no estado da Califórnia, Robert Greene mostrou-se "profundamente dececionado" com a decisão de o Los Angeles Times não apoiar Harris, num comunicado partilhado com a revista Columbia Journalism Review (CJR).
"Reconheço que a decisão é do proprietário", escreveu ele. "Mas doeu particularmente porque um dos candidatos, Donald Trump, tem demonstrado tamanha hostilidade aos princípios centrais para o jornalismo, o respeito pela verdade e reverência pela democracia", escreveu.
Já Karin Klein adiantou que a sua decisão de renunciar ao cargo no conselho editorial foi tomada após uma mensagem de Soon-Shiong na rede social X, a dar conta de que pediu uma análise factual às políticas da atual vice-presidente Kamala Harris e do ex-Presidente norte-americano e candidato republicano Donald Trump durante os respetivos mandatos na Casa Branca.
"A decisão de renunciar tornou-se mais simples e fácil quando ele postou ontem [quinta-feira] no X [antigo Twitter] acerca da sugestão para o conselho editorial realizar uma análise dos pontos positivos e negativos de cada candidato, deixando os eleitores tomarem as suas próprias decisões. O lado noticioso de um jornal faz isso, mas isso não é um editorial", escreveu na rede social Facebook.
Mariel Garza já tinha dito à CJR que se demitiu, porque o Los Angeles Times decidiu permanecer em silêncio sobre a corrida presidencial em "tempos perigosos", tendo esclarecido que já havia um esboço do editorial para anunciar o apoio a Harris, que acabou bloqueado por Soon-Shiong.
Na resposta, o proprietário do jornal fundado em 1881 defendeu que o apoio declarado a um candidato iria contribuir para acentuar as divisões no país
"Como proprietário, faço parte do conselho editorial e compartilhei com os nossos editores que deveríamos ter um espaço com todos os prós e todos os contras para deixar os leitores decidirem. Quero que transmitamos desesperadamente todas as vozes. Não sei se os leitores consideram a nossa publicação 'ultra progressista' ou não, mas sou independente", disse, em entrevista ao órgão Spectrum News.
Além do Los Angeles Times, o jornal diário Washington Post recusou apoiar um dos candidatos presidenciais, alterando uma prática que estava em curso desde 1976, quando expressou apoio ao candidato democrata eleito, Jimmy Carter.
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