A análise sublinha que as alterações climáticas já são "incrivelmente perigosas com um aquecimento de 1,3°C" (graus celsius) e descreve as ações necessárias para salvar vidas face ao agravamento das condições meteorológicas extremas.
A WWA teve em conta a onda de calor na Europa em 2003 (os 47,3ºC na Amareleja), que terá provocado a morte de mais de 70.000 pessoas.
Terá sido, segundo um comunicado da instituição, a "primeira prova inegável de que as alterações climáticas" eram uma realidade que estava a afetar a vida das pessoas e não uma "ameaça abstrata".
Foi a primeira vez, diz a WWA, que os cientistas identificaram claramente as "impressões digitais" das alterações climáticas num fenómeno meteorológico específico, marcando o início de um novo campo de investigação, conhecido como "ciência da atribuição".
Mas outros se seguiram, lembra a organização, como o ciclone tropical Nargis, que matou mais de 100.000 pessoas e destruiu comunidades inteiras em Myanmar, em 2008.
O fator alterações climáticas nos fenómenos extremos nem sempre foi mensurável, mas a WWA, criada em 2014, fornece provas científicas sobre se e em que medida as alterações climáticas tiveram um papel numa determinada catástrofe.
A WWA é formada por investigadores de várias instituições científicas e universitárias e tem protocolos e parcerias com peritos locais que permitem avaliar rapidamente fenómenos climáticos extremos em todo o mundo, socorrendo-se também de modelos climáticos e literatura especializada.
Na análise dos 10 eventos climáticos mais mortíferos desde a onda de calor de 2003 incluiu-se três ciclones tropicais no Indo-Pacífico (Sidr, Nargis e Haiyan), quatro ondas de calor na Europa, dois fenómenos de precipitação intensa (um na Índia, outro no Mediterrâneo) e uma seca no Corno de África.
"No seu conjunto, estes fenómenos causaram mais de 350.000 mortes. E em todos eles encontramos as impressões digitais das alterações climáticas", salienta a organização, que adverte que não se contabilizaram centenas de milhares de mortes não reportadas.
E acrescenta: "Sabemos que não existe uma catástrofe natural. É a vulnerabilidade e a exposição da população que transformam os riscos meteorológicos em desastres humanitários".
E adverte ainda que são cada vez menos os riscos meteorológicos que podem ser puramente descritos como "naturais".
"O nosso trabalho, juntamente com a literatura científica, mostra agora que, com cada tonelada de carvão, petróleo e gás queimado, todas as ondas de calor e a esmagadora maioria dos fenómenos de precipitação intensa, secas e ciclones tropicais se tornam mais intensos", avisa.
Destaca a organização que o facto de o mundo não se afastar dos combustíveis fósseis "está a provocar alterações dramáticas nas condições meteorológicas extremas, contribuindo para centenas de milhares de mortes e afetando milhões de pessoas".
E na trajetória atual de um aquecimento de 3°C até final do século os riscos "só irão piorar".
Os avisos precoces de eventos extremos e mecanismos de ação precoce (evacuações por exemplo) podem ser a diferença entre a vida e a morte.
Mas alguns acontecimentos, nota-se no estudo, ultrapassam a capacidade de qualquer governo se preparar. Quatro dos 10 fenómenos meteorológicos mais mortais foram ondas de calor na Europa, uma região rica e relativamente bem preparada.
Pelo menos 158 pessoas morreram ma província espanhola de Valência, numa contagem que ainda não está terminada, na sequência de uma violenta tempestade na terça-feira passada.
As chuvas torrenciais foram 12% mais intensas e duas vezes mais prováveis do que quando o clima ainda não tinha aquecido, segundo a WWA numa análise rápida e preliminar de hoje.
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