Porto Rico em eleições gerais para governador que prometem ser históricas
Cerca de dois milhões de porto-riquenhos são chamados hoje para votar nas eleições gerais de Porto Rico que, independentemente de quem as vencer -- são dois os principais candidatos -- serão históricas.
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Mundo Eleições
Se Jenniffer González, do Novo Partido Progressista (NPP), pró-Estado, vencer as eleições será a primeira vez na história da ilha que o partido conseguirá três mandatos consecutivos para o cargo de Governador.
Por outro lado, se vencer Juan Dalmau, que concorre pelo Partido da Independência de Porto Rico (PIPR) e pelo Movimento da Vitória Cidadã (MVC), será a primeira vitória de um candidato que não representa nenhum dos dois principais partidos que dominam a política da ilha há décadas.
Atrás de González e Dalmau nas sondagens está Jesús Manuel Ortiz, do Partido Democrático Popular (PDP), que apoia o estatuto territorial da ilha. Também concorre Javier Jiménez, do Projeto Dignidade (PD), um partido conservador criado em 2019.
Durante décadas, o NPP e o PDP receberam pelo menos 90% de todos os votos, mas isso começou a mudar em 2016, com os novos partidos a atraírem mais eleitores no meio de um aumento da turbulência económica e política.
"Essa foi uma mudança muito grande", disse Jorge Schmidt Nieto, analista político e professor universitário, citado pela agência noticiosa Associated Press (AP).
As chuvas fortes estão hoje a assolar a ilha, mas os eleitores não se deixaram dissuadir, com centenas de pessoas já à espera nas filas quando as urnas abriram, a meio da manhã.
Os meteorologistas emitiram avisos de inundações repentinas para a capital, São João, e outras zonas, enquanto as pessoas se amontoavam debaixo de guarda-chuvas e telhados para votar.
Os resultados da votação só deverão ser conhecidos daqui a alguns dias. Nas eleições de 2020, as autoridades demoraram quatro dias para divulgar os resultados preliminares.
A Comissão Eleitoral do Estado de Porto Rico ainda está a contar os mais de 220.000 votos antecipados e de ausentes que recebeu, com funcionários de vários partidos políticos a observar que o processo é lento. A contagem dos votos começou mais de duas semanas depois do habitual.
Jessika Padilla, a presidente suplente da comissão, disse numa conferência de imprensa que cerca de 40% desses votos tinham sido contados até segunda-feira.
"Este processo de validação é um que não vamos encarar de ânimo leve", afirmou.
Mais de 5.000 reclusos, de um total de cerca de 7.400 em Porto Rico, também votaram, embora não se saiba quantos desses votos foram contados.
A comissão e outras autoridades também estão ainda a receber alegações sobre irregularidades eleitorais, incluindo as de pessoas que disseram ter recebido confirmações para a votação antecipada quando não fizeram tal pedido.
Entretanto, foram enviados geradores de energia para mais de duas dúzias de assembleias de voto para garantir a eletricidade, tendo em conta os cortes crónicos de energia que têm assolado Porto Rico nos últimos anos.
Hoje também, os eleitores são igualmente questionados, pela sétima vez, sobre o estatuto político de Porto Rico num referendo que não é vinculativo e que oferece três opções: Estado, independência e independência com livre associação, no âmbito das quais seriam negociadas questões como os negócios estrangeiros, a cidadania norte-americana e a utilização do dólar dos Estados Unidos.
Independentemente do resultado, uma mudança de estatuto requer sempre a aprovação do Congresso dos Estados Unidos.
Além disso, os porto-riquenhos podem ainda votar em Kamala Harris ou Donald Trump numa votação simbólica, se assim o desejarem. Embora os porto-riquenhos sejam cidadãos norte-americanos, os que vivem na ilha não podem votar nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, que também decorrem hoje.
Cerca de dois milhões de eleitores estão aptos a participar nas eleições, embora ainda não se saiba quantas pessoas o farão. A apatia dos eleitores tem dominado as últimas eleições, com uma elevada abstenção.
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