A Federação dos Bancos de Alimentos de Espanha (Fesbal) disse hoje, num comunicado, que tem cheios a maioria dos seus 54 centros de recolha de bens graças à solidariedade com os valencianos e pediu para as doações passarem a ser feitas em dinheiro, sob pena de haver um colapso logístico.
A Fesbal afirmou que está a receber e a distribuir toneladas de alimentos e produtos de primeira necessidade nas áreas afetadas pelo mau tempo da semana passada graças à solidariedade de todo o país e que está a receber milhares de chamadas de pessoas que querem saber como podem ajudar.
Segundo a Fesbal, na última semana foi possível, desta forma, "conseguir cobrir as necessidades mais urgentes" das populações e é fundamental continuar a ajudar a médio e longo prazo porque a situação no terreno vai demorar a normalizar-se.
"A assistência deve manter-se durante o tempo necessário para garantir que ninguém fica para trás", realçou a federação, no mesmo comunicado, em que pede que a "enorme solidariedade" continue e recomenda que "as doações que se realizem a partir de agora sejam, de preferência, económicas".
Desta maneira, será possível destinar os fundos para as necessidades mais urgentes e fazer um planeamento da ajuda a médio e longo prazo, segundo a Fesbal.
Também a autarquia de uma das localidades mais destruídas pelas inundações e onde houve mais de 60 mortos, Paiporta, fez hoje o mesmo apelo.
A presidente do município, Maribel Albalat, pediu para as ajudas serem em dinheiro, para uma conta da autarquia, prometendo uma supervisão apertada do uso das doações.
A autarca agradeceu a solidariedade dos espanhóis, que enviaram comida e outros produtos para Paiporta, mas realçou que as doações em dinheiro permitirão otimizar os recursos disponíveis na recuperação da localidade após as inundações.
"A resposta cidadã tem sido imensa e comovedora, permitindo-nos contar com recursos essenciais no momento mais crítico", escreveu Maribel Albalat, num comunicado em que acrescenta que, no entanto, o volume de doações de produtos e bens está a provocar "um colapso logístico" no município e uma sobrecarga a quem coordena tarefas no terreno.
A autarca realçou que a necessidade urgente agora é desobstruir e desocupar vias de acesso e ruas para iniciar os trabalhos de recuperação das infraestruturas municipais, das ruas, das casas e dos estabelecimentos comerciais da localidade.
A onda de solidariedade com a região de Valência por causa das inundações está a percorrer toda a Espanha e estão previstos para os próximos dias vários concertos no país para recolha de fundos para enviar para as zonas afetadas, entre outras iniciativas.
Às doações têm-se somado multidões de voluntários que prestam ajuda no terreno, sobretudo, em tarefas de limpeza de casas e estabelecimentos comerciais.
As chuvas e inundações no leste de Espanha na terça-feira da semana passada, 29 de outubro, causaram pelo menos 217 mortos, segundo os balanços oficiais mais recentes.
As cheias danificaram e destruíram também infraestruturas de transporte e de abastecimento de energia, água e telecomunicações, além de habitações, comércios e empresas.
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