O anúncio foi feito pelo líder do governo alemão, depois de uma reunião na chancelaria em que os três partidos que formam a coligação "semáforo" - o Partido Social Democrata (SPD), os Verdes, e os Liberais - se sentaram para discutir a continuidade desta união.
Em conferência de imprensa, Olaf Scholz revelou ainda que vai sujeitar a votação uma moção de confiança no parlamento alemão, a 15 de janeiro de 2025. Até ao Natal, e com o fim da coligação "semáforo", o chanceler alemão quer levar a votação todas as leis que não podem ser adiadas.
Scholz adianta ainda que vai tentar "dialogar" com o líder da oposição, Friedrich Merz, da União Democrata-cristã (CDU), "muito rapidamente".
Lindner terá proposto novas eleições durante a reunião de hoje na chancelaria. Segundo o líder dos liberais, as conversações dos últimos dias em torno da aprovação do orçamento e das divergências económicas entre os três partidos mostraram que não existe uma base comum suficiente.
Aos jornalistas, Olaf Scholz acusou Lindner de ter como único interesse a política de clientelismo e a sobrevivência a curto prazo do seu próprio partido.
"Um tal egoísmo é incompreensível. Já não há confiança em trabalhar com Lidner (...) Não quero que o nosso país passe por este tipo de comportamento", sublinhando que "gostaria de ter poupado" o país a esta "decisão difícil", especialmente em tempos difíceis.
Depois da vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas, Christian Lidner sublinhou que uma viragem económica se tornou ainda mais urgente. O "Bild" revela que o até aqui ministro das Finanças estava disposto a adotar o orçamento suplementar para 2024 e a apoiar um governo de gestão até à entrada em funções de um novo executivo.
A coligação, que estava no poder há quase três anos, tem enfrentado dificuldades praticamente desde o início, já que muitas das posições que defendem os seus partidos são opostas. Enquanto o SPD e os Verdes apoiam uma forte atuação do estado, com a emissão de dívida para financiar políticas públicas, caso seja necessário, o FDP tem uma visão contrária.
As divergências, sobretudo nas políticas económica e orçamental, ficaram mais expostas há um ano, quando o Tribunal Federal Constitucional reprovou a decisão do executivo de realocar verbas destinadas a atenuar as consequências da pandemia de covid-19. Sem essas verbas, o executivo alemão ficou com um buraco de 60 mil milhões de euros no orçamento. A forma de o combater não gerou consensos.
Lidner defendeu uma ampla redução de impostos para as empresas, por exemplo, e a redução de metas de proteção climática que considera demasiado ambiciosas. Ideias completamente rejeitadas por Robert Habeck, dos Verdes, ministro da Economia e vice-chanceler.
Os partidos que formam a coligação têm ao longo dos últimos três anos, perdido popularidade, atingindo os níveis de votação mais baixos de sempre em várias eleições regionais e sondagens.
Os grupos parlamentares do FDP e do SPD também vão ainda reunir-se hoje, numa noite que se prevê longa para estes partidos políticos.
[Notícia atualizada às 21h03]
Leia Também: Eleições nos EUA? Scholz e Macron vão "coordenar-se estreitamente"