Cabo Verde espera oficialização do crioulo nos 50 anos da independência

O Presidente cabo-verdiano disse hoje esperar que, durante as comemorações dos 50 anos da independência do país, em 2025, se consiga oficializar o crioulo como língua, a par da portuguesa, no arquipélago.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
09/11/2024 14:51 ‧ 09/11/2024 por Lusa

Mundo

Cabo Verde

"Esperamos consegui-lo nos 50 anos da independência: já não faz sentido não ter a língua cabo-verdiana plenamente oficializada, em paridade com a língua portuguesa, nossas duas línguas, indiscutivelmente, nosso património", referiu José Maria Neves.

 

O chefe de Estado respondia numa conferência de imprensa, alusiva aos três anos de mandato presidencial, questionado sobre a sua posição quanto à oficialização do crioulo.  

"Esperamos que nos 50 anos o consigamos fazer e, na hora em que os jovens saiam do liceu, falem fluentemente a língua cabo-verdiana e a língua portuguesa. É o nosso grande sonho", acrescentou, no único momento de pergunta-resposta do encontro com jornalistas totalmente falado em crioulo.

José Maria Neves ressalvou que o processo "depende também de consenso entre os partidos políticos na casa parlamentar".

O Presidente cabo-verdiano tem sido um defensor da oficialização da língua cabo-verdiana.

Quanto tomou posse, há três anos, José Maria Neves fez referência, no seu discurso inaugural, a uma "preocupação fundamental": a língua cabo-verdiana.

"Vou estar na linha de frente do combate para a oficialização do nosso crioulo", disse, levando em conta as variantes de todas as ilhas.

O crioulo cabo-verdiano é a língua materna em Cabo Verde, embora com variantes entre algumas ilhas, e nos últimos anos intensificou-se o movimento da sociedade civil a pressionar a sua elevação a língua oficial.

O artigo 9.º da Constituição da República de Cabo Verde, de 1992, define apenas o português como língua oficial, mas também prevê que o Estado deve promover "as condições para a oficialização da língua materna cabo-verdiana, em paridade com a língua portuguesa".

Um grupo de quase 200 personalidades cabo-verdianas lançou em 2022 uma petição também nesse sentido e pediu apoio do chefe de Estado, José Maria Neves, para a promoção da língua. 

No mesmo ano, vários ativistas criaram a Associação da Língua Materna Cabo-verdiana (ALMA-CV) para impulsionar uma "voz cada vez mais ativa" e uma "mudança" de política linguística no país.

Leia Também: Cabo Verde. Presidente quer debate sobre desenvolvimento do país até 2075

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