"Recebi um telefonema do chanceler Scholz que me relatou a sua conversa com Vladimir Putin. Fiquei satisfeito por saber que o chanceler não só condenou inequivocamente a agressão russa, como também reiterou a posição polaca: nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", escreveu Donald Tusk na rede social X (antigo Twitter).
Naquela que foi a primeira conversa telefónica entre os dois líderes em quase dois anos, Scholz instou Putin a retirar as tropas da Ucrânia e a negociar com Kyiv, indicou hoje o Governo alemão num comunicado.
O chanceler apelou a Putin para demonstrar "vontade de encetar negociações com a Ucrânia, com vista a uma paz justa e duradoura" e sublinhou "o compromisso inabalável da União Europeia (UE) com a Ucrânia", acrescentou a chancelaria.
O executivo alemão informou igualmente que Scholz tinha anteriormente falado com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Por seu lado, no âmbito da conversa com Scholz que durou uma hora, o Presidente russo argumentou que a proposta de paz para a Ucrânia deve ter em conta "novas realidades territoriais", exigindo que Kyiv abdique das regiões ocupadas por Moscovo.
A proposta de paz, de junho passado, inclui a retirada das tropas ucranianas do Donbass (leste) e do sul do país, e ainda a renúncia de Kyiv à adesão à NATO.
"Os potenciais acordos devem ter em conta os interesses de segurança da Federação Russa, basear-se em novas realidades territoriais e, acima de tudo, abordar as causas profundas do conflito", de acordo com um comunicado do Kremlin (presidência russa) que resume as observações de Vladimir Putin durante a conversa telefónica com Olaf Scholz.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, a Alemanha tem sido o segundo maior fornecedor de armas a Kyiv, a seguir aos Estados Unidos.
A conversa telefónica ocorre num momento muito difícil para a Ucrânia, que se prepara para viver o seu terceiro inverno sob fogo da Rússia, com grande parte das suas infraestruturas energéticas danificadas ou totalmente destruídas.
Com a vitória do ex-presidente e candidato republicano Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, coloca-se a questão da continuidade da ajuda dos Estados Unidos, que tem permitido à Ucrânia resistir às tropas russas desde fevereiro de 2022.
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