Depois desta ofensiva, "penso que é claro que as intenções do Presidente Putin são intensificar os combates", declarou Macron em Buenos Aires, Argentina.
"Independentemente de quais sejam as suas declarações, ele não quer a paz e não está disposto a negociá-la", insistiu o chefe de Estado francês, que não excluiu a hipótese de voltar a falar com o homólogo russo, mas apenas quando "o contexto" for adequado.
Macron emitiu estas declarações dois dias depois de o chanceler alemão, Olaf Scholz, ter instado Putin a retirar as tropas da Ucrânia e a negociar com Kyiv, na primeira conversa telefónica que mantiveram em quase dois anos.
O chanceler apelou a Putin para demonstrar "vontade de encetar negociações com a Ucrânia, com vista a uma paz justa e duradoura" e sublinhou "o compromisso inabalável da União Europeia (UE) com a Ucrânia", segundo a chancelaria, que indicou igualmente que Scholz tinha anteriormente falado com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Esta conversa telefónica de uma hora foi o primeiro diálogo entre os dois líderes desde dezembro de 2022.
Putin não fala com a maioria dos líderes ocidentais desde 2022, quando a UE e os Estados Unidos impuseram sanções maciças à Rússia após a invasão da Ucrânia, em fevereiro desse ano.
Muitos dirigentes ocidentais, como os chefes de Estado norte-americano, Joe Biden, e francês, Emmanuel Macron, entre outros, recusam-se a falar com o Presidente russo - com a exceção do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
No início de novembro, Vladimir Putin lamentou que os líderes ocidentais tivessem "parado" de lhe telefonar.
"Se algum deles quiser retomar os contactos, sempre o disse e quero repetir: não temos nada contra isso", afirmou Putin no Fórum político de Valdaï, na Rússia.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Alemanha tem sido o segundo maior fornecedor de armas a Kyiv, a seguir aos Estados Unidos.
Esta conversa ocorreu num momento muito difícil para a Ucrânia, que se prepara para viver o seu terceiro inverno sob fogo da Rússia, com grande parte das suas infraestruturas energéticas danificadas ou totalmente destruídas.
Com a vitória do ex-presidente e candidato republicano Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas, coloca-se a questão da continuidade da ajuda dos Estados Unidos, que tem permitido à Ucrânia resistir às tropas russas.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após o desmoronamento da União Soviética - e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kyiv têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
No terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas confrontaram-se com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
As tropas russas, mais numerosas e mais bem equipadas, prosseguem o seu avanço na frente oriental, apesar da ofensiva ucraniana na Rússia, na região de Kursk.
As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, com Moscovo a continuar a exigir que a Ucrânia aceite a anexação de uma parte do seu território.
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