"Penso que é preciso ser prudente e até as coisas serem comunicadas oficialmente é preciso esperar com tranquilidade", disse a também ministra com a tutela do ambiente no Governo de Espanha, liderado pelos socialistas.
Teresa Ribera falava a jornalistas em Madrid pouco depois de ser noticiado o acordo entre os maiores partidos representados no PE que viabilizará a nova Comissão Europeia (CE), após dias de bloqueio ao nome da ministra espanhola por parte do Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita).
"Muita tranquilidade", disse Ribera, à entrada para uma sessão plenária do Senado espanhol (a câmara alta das Cortes de Espanha) para prestar esclarecimentos sobre as inundações de 29 de outubro na no leste do país, em que morreram mais de 220 pessoas.
Ribera já esteve de manhã no Congresso dos Deputados (o parlamento espanhol e câmara baixa das Cortes) para dar as mesmas explicações, como lhe exigiu o grupo do PPE na assembleia europeia para decidir se a aprovava como comissária.
As inundações de 29 de outubro têm gerado críticas e trocas de acusações entre o Governo central de Espanha, liderado pelos socialistas, e o governo regional da Comunidade Valenciana, presidido pelo PP.
O confronto coincidiu com as audições dos candidatos a comissários no PE e o PP espanhol transformou progressivamente Teresa Ribera no principal foco das críticas.
O PP invocou falhas na informação sobre os caudais dos rios que foi transmitida ao governo regional por agências estatais tuteladas por Teresa Ribera, acusou a ministra de ter estado ausente nos dias das inundações, por estar centrada há meses unicamente no cargo europeu para que foi indicada, e de não ter concretizado obras de prevenção nos seis anos que leva no Governo.
A candidata a vice-presidente da Comissão Europeia negou hoje falhas dos organismos meteorológicos e hidrográficos que tutela.
Teresa Ribera apresentou aos deputados uma cronologia do dia 29 de outubro com centenas de alertas e comunicações enviados pela Agência Espanhola de Meteorologia (Aemet) e pela Confederação Hidrográfica de Júcar às autoridades autonómicas da Comunidade Valenciana, que têm a responsabilidade da proteção civil.
A ministra considerou que os dois organismos estatais geraram "os alertas e informações adequados" e afirmou que operaram "antes, durante o dia 29 e depois" sob "o comando único" da 'Generalitat' Valenciana (o governo regional de Valência), por ser às autoridades autonómicas que compete a gestão da emergência, como está estabelecido na estrutura do Estado espanhol e nos estatutos regionais.
"Mas de pouco serve ter toda a informação necessária se quem tem de responder não sabe como o fazer", afirmou.
Teresa Ribera acrescentou que face às alterações climáticas e aos fenómenos meteorológicos extremos cada vez mais frequentes, é preciso contar com a ciência e respeitar os académicos e os técnicos, e defendeu o trabalho de agências como a Aemet ou as confederações hidrográficas, considerando "perigoso" que se coloque em causa a sua atuação.
Conservadores, socialistas e liberais no Parlamento Europeu chegaram hoje a acordo para aprovar a nova Comissão Europeia, após dias de bloqueio e cedências do Partido Popular Europeu (PPE) e Socialistas e Democratas (S&D), avançaram à Lusa fontes partidárias.
As três maiores forças partidárias da assembleia europeia comprometeram-se com o necessário consenso de dois terços para aprovar, num único pacote, os sete nomes ainda pendentes (de um total de 26) do novo colégio de comissários, o segundo liderado por Ursula von der Leyen, para entrar em funções a 01 de dezembro.
Neste pacote estão os seis candidatos a vice-presidentes da Comissão Europeia.
Os nomes mais polémicos são os da espanhola e candidato indicado por Itália, Rafaelle Fito, relativamente aos quais há agora cedências dos conservadores e socialistas, de acordo com as mesmas fontes: o PPE deixou de exigir a demissão de Teresa Ribera se for envolvida em processos judiciais por causa das inundações em Espanha e o S&D abdicou de pedir que Rafaelle Fito perdesse a vice-presidência.
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