O ministro dos Negócios Estrangeiros húngaro, Péter Szijjártó, garantiu hoje ao seu homólogo israelita, Gideon Saar, numa chamada telefónica, que Budapeste "rejeita a utilização de qualquer instituição do sistema judicial internacional como instrumento político", segundo uma mensagem publicada na sua rede social Facebook.
"O Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de captura contra o primeiro-ministro e o ministro da Defesa israelitas. Esta decisão é vergonhosa e absurda", afirmou o chefe da diplomacia húngara na declaração.
O TPI emitiu hoje mandados de captura contra Nentayahu e Gallant, por crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos na Faixa de Gaza desde, pelo menos, 08 de outubro do ano passado.
"O tribunal emitiu mandados de captura contra dois indivíduos, o senhor Benjamin Netanyahu e o senhor Yoav Gallant, por crimes contra a humanidade e crimes de guerra cometidos pelo menos desde 08 de outubro de 2023 e até pelo menos 20 de maio de 2024, dia em que o Ministério Público apresentou os pedidos de mandados de detenção", indicou o TPI em comunicado.
Os juízes aprovaram também o mandado de captura do chefe do braço militar do movimento islamita palestiniano Hamas, Mohammed Deif, cuja morte foi reivindicada por Israel na Faixa de Gaza em julho passado, uma morte que até agora não foi confirmada pelo grupo islamita e sobre a qual o TPI não tem conhecimento.
Szijjártó criticou ainda o TPI por equiparar, na sua opinião, o chefe de Governo de um país atacado aos líderes de uma organização terrorista que levou a cabo um "ataque hediondo", referindo-se ao Hamas, ao emitir os referidos mandados juntamente com outros contra um alto responsável do grupo palestiniano.
"A decisão é inaceitável", insistiu o ministro.
O Governo húngaro, chefiado pelo ultranacionalista Viktor Orbán, é um aliado próximo do Governo de Netanyahu.
Cerca de 44.056 de pessoas foram mortas na Faixa de Gaza desde o início da guerra, desencadeada por um ataque sem precedente levado a cabo pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul Israel, que matou cerca de 1.200 pessoas e que fez perto de 250 reféns, segundo o Ministério da Saúde em Gaza.
Como retaliação, Israel lançou uma campanha de bombardeamentos seguida de uma ofensiva terrestre em Gaza, causando mais de 104.000 feridos no enclave e levando à deslocação de quase todos os 2,4 milhões de habitantes na região, que se encontra numa situação de catástrofe humanitária.
Além das vítimas mortais, o Governo do Hamas, que governa o enclave desde 2007, deu conta de mais de 100.000 feridos e cerca de 11.000 desaparecidos em mais de um ano de guerra.
Leia Também: Hungria critica Biden por fornecimento de armas de longo alcance a Kyiv