"Desconstruir a narrativa que os jovens não votaram no partido Frelimo. Como podem ver a moldura humana, temos jovens nesta marcha, nós jovens votamos [na Frelimo]. Este país é de todos os moçambicanos", afirmou Laura Chavana, secretária na cidade de Maputo da Organização da Juventude Moçambicana (OJM) da Frelimo.
De acordo com a responsável, o objetivo desta marcha, a maior realizada pela Frelimo na capital desde o anúncio dos resultados das eleições gerais, foi de "saudar" o candidato apoiado pelo partido à Presidência da República, Daniel Chapo, que segundo a Comissão Nacional de Eleições venceu com 70,67% dos votos, e solidarizar com os "irmãos que tombaram nas manifestações" pós-eleitorais, de contestação, do último mês.
"É uma marcha pacífica, não estamos a violentar ninguém", disse ainda, em declarações aos jornalistas, durante o percurso, por várias artérias centrais da baixa de Maputo.
Laura Chavana destacou igualmente a "calma e serenidade" do candidato presidencial do partido neste processo eleitoral: "Não podemos agir com impulsos".
Garantiu ainda que a Frelimo, partido no poder desde 1975, "está viva, como sempre esteve".
Pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas num mês de manifestações de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique, indica uma atualização da Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.
Segundo o levantamento divulgado hoje por aquela plataforma de monitorização eleitoral, houve ainda pelo menos 1.326 detenções em Moçambique na sequência dos protestos de 21 outubro a 21 de novembro, mas neste caso ainda pendente de atualização por parte da Ordem dos Advogados de Moçambique, que tem prestado apoio jurídico nestes processos.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia - que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar -, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela CNE, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, convidou os candidatos presidenciais às eleições gerais de 09 de outubro para uma reunião em 26 de novembro para "discutir a situação do país no período pós-eleitoral".
A reunião terá lugar no gabinete de Filipe Nyusi, em Maputo, na terça-feira, às 16:00 (14:00 em Lisboa) e para a mesma foram convidados os candidatos Daniel Chapo, Venâncio Mondlane, Lutero Simango e Ossufo Momade, estes três últimos que não reconhecem os resultados anunciados pela CNE.
Venâncio Mondlane e Lutero Simango confirmaram entretanto a disponibilidade para participar neste encontro, mas entre outras exigências querem uma agenda clara para a reunião.
O Presidente moçambicano disse que as manifestações violentas pós-eleitorais instalam o caos e que "espalhar o medo pelas ruas" fragiliza o país.
"Prometo que, até ao último dia do meu mandato, irei usar toda a minha energia para pacificar Moçambique (...). Mas para que eu tenha sucesso nesta missão, precisamos de todos nós e de cada um de vocês (...). Moçambicanos têm de estar juntos para resolvermos os problemas", disse Nyusi, numa mensagem à nação, na terça-feira.
Apelando à "libertação do egoísmo" no processo pós-eleitoral, o chefe de Estado, cujo mandato termina em janeiro, garantiu que o Governo está aberto a encontrar "uma solução" para o atual momento, marcado por paralisações e manifestações consecutivas convocadas por Venâncio Mondlane.
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