O HTS (Organização pela Libertação do Levante, também conhecido como Al-Qaida na Síria) e outros grupos conseguiram entrar em dois bairros nos arredores de Alepo, a segunda maior cidade síria, no âmbito de uma ofensiva em grande escala lançada na quarta-feira contra as forças governamentais.
Num contacto telefónico, Araqchi garantiu que Teerão "apoiará o Governo e o povo sírios na batalha contra os grupos terroristas, que lançaram uma incursão em cidades e aldeias na província de Alepo, no noroeste da Síria, nos últimos dias", segundo a agência noticiosa semi-oficial iraniana Tasnim, que cita um porta-voz da diplomacia iraniana.
A mesma fonte indicou que Araqchi descreveu "o ressurgimento de grupos terroristas na Síria" como parte de "uma conspiração orquestrada pelos Estados Unidos e Israel depois de o regime sionista ter sido derrotado pela resistência no Líbano e na Palestina".
Bassam al-Sabbagh, por seu lado, transmitiu ao seu homólogo iraniano a evolução dos combates e garantiu que "Damasco impedirá os terroristas e os seus patrocinadores de atingirem os seus objetivos maléficos".
Os 'jihadistas' e os seus aliados entraram hoje em Alepo, que foi bombardeada pela primeira vez em quatro anos, após dois dias de uma ofensiva relâmpago contra o regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad.
Os combates, que fizeram mais de 255 mortos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), são os mais violentos desde 2020 no noroeste da Síria, onde a província de Alepo, maioritariamente nas mãos do regime de Assad, é contígua ao último grande reduto rebelde e 'jihadista' de Idlib.
Hoje, duas testemunhas disseram à agência noticiosa France-Presse (AFP) terem visto homens armados em Alepo e relataram cenas de pânico na grande cidade do norte da Síria.
Segundo o OSDH, organização com sede em Londres que dispõe de uma vasta rede de fontes na Síria, o grupo 'jihadista' HTS e os grupos aliados, alguns dos quais próximos da Turquia, tinham chegado de manhã às portas da cidade, "depois de terem efetuado dois atentados suicidas com carros armadilhados".
O exército sírio, que enviou reforços para Alepo, segundo um responsável da segurança síria, afirmou ter repelido "a grande ofensiva dos grupos terroristas" e recuperado várias posições.
Durante a guerra civil na Síria que eclodiu em 2011, as forças do regime, apoiadas pela aviação militar russa, reconquistaram em 2016 a parte oriental de Alepo às forças rebeldes, após bombardeamentos devastadores.
Hoje, as forças aéreas russas e sírias lançaram ataques intensivos sobre a região de Idlib, segundo a organização não-governamental.
De acordo com o OSDH, os combates de hoje atingiram também a cidade estratégica de Saraqeb, na posse do regime e a sul de Alepo, no cruzamento de duas autoestradas.
Por outro lado, a força aérea russa intensificou os ataques, de acordo com esta fonte, tendo o Kremlin (presidência russa) apelado às autoridades sírias para que "ponham ordem na situação o mais rapidamente possível" em Alepo.
Nos últimos anos, o norte da Síria tem desfrutado de uma calma precária, possibilitada por um cessar-fogo introduzido após uma ofensiva do regime em março de 2020. A trégua foi patrocinada por Moscovo e pela Turquia, que apoia certos grupos rebeldes sírios na sua fronteira.
O regime sírio recuperou o controlo de uma grande parte do país em 2015, com o apoio dos seus aliados russos e iranianos.
A guerra civil na Síria causou mais de meio milhão de mortos e deslocou milhões de pessoas.
O conflito ganhou ao longo dos anos uma enorme complexidade, com o envolvimento de países estrangeiros e de grupos 'jihadistas', e várias frentes de combate.
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