Saraqeb está localizada na província de Idlib, e a sua tomada é importante para os 'jihadistas' e os seus aliados porque os ajudará a "impedir que o regime avance em direção a Alepo", a segunda cidade da Síria onde os 'jihadistas' entraram hoje, detalhou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
Estes combates, que fizeram mais de 277 mortos e se prolongam pela noite dentro, são os mais violentos desde 2020 na região, onde a província de Alepo, em grande parte controlada pelo regime de Bashar al-Assad faz fronteira com o último grande bastião rebelde e 'jihadista' de Idlib, apontou a organização não-governamental (ONG).
Hoje, duas testemunhas disseram à agência noticiosa France-Presse (AFP) terem visto homens armados em Alepo e relataram cenas de pânico na grande cidade do norte da Síria.
"Entraram nos bairros do oeste e do sudoeste", disse à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahmane.
Segundo Rahmane, os 'jihadistas' tomaram o controlo de cinco bairros da cidade, enquanto as forças do regime "não opuseram grande resistência".
Segundo o OSDH, organização com sede em Londres que dispõe de uma vasta rede de fontes na Síria, o grupo 'jihadista' Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e os grupos aliados, alguns dos quais próximos da Turquia, tinham chegado de manhã às portas da cidade, "depois de terem efetuado dois atentados suicidas com carros armadilhados".
O exército sírio, que enviou reforços para Alepo, segundo um responsável da segurança, afirmou ter repelido "a grande ofensiva dos grupos terroristas" e recuperado várias posições.
O Governo de Salvação Nacional, autoridade paralela estabelecidas em 2017 na província síria de Idlib por proposta do HTS, realçou hoje que a ofensiva rebelde contra a província de Alepo procura "a liberdade do povo sírio da escravatura".
"A revolução síria nunca foi contra qualquer país ou povo, incluindo a Rússia, nem faz parte do que está a acontecer na guerra russo-ucraniana. Pelo contrário, é uma revolução que foi lançada para libertar o povo sírio da escravatura e da humilhação", destacou, em comunicado.
Este movimento instou a Rússia a dissociar-se dos interesses do regime do Presidente Bashar al Assad, a quem acusa de perpetrar um contínuo "derramamento de sangue" e de encorajar uma "máquina criminosa brutal" contra o povo sírio.
A reação surgiu depois de o porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, ter assegurado que a ofensiva rebelde em grande escala "é um ataque contra a soberania síria nesta área".
Durante a guerra civil que eclodiu em 2011, as forças do regime, apoiadas pela aviação militar russa, reconquistaram em 2016 a parte oriental de Alepo aos insurrectos, após bombardeamentos devastadores.
Um correspondente da AFP no lado rebelde relatou hoje intensos combates nos arredores de Alepo. Os combatentes disseram que estavam a receber ordens de uma sala de operações conjunta.
Esta ofensiva permitiu aos 'jihadistas' conquistar cerca de 50 cidades desde quarta-feira, segundo o OSDH.
Hoje, as forças aéreas russas e sírias lançaram ataques intensivos sobre a região de Idlib, segundo a organização não-governamental.
Também hoje, o Irão reiterou o "apoio contínuo" à Síria face a esta ofensiva. O Irão é outro aliado da Síria, onde Teerão se envolveu militarmente, enviando conselheiros a pedido das autoridades locais para apoiar o presidente al-Assad durante a guerra civil.
Graças a esta guerra, o HTS, dominado pelo antigo ramo sírio da Al-Qaida, assumiu o controlo de toda a província de Idlib, bem como de territórios vizinhos nas regiões de Alepo, Hama e Latakia.
Leia Também: Rússia anuncia bombardeamentos contra "extremistas" em apoio à Síria