"Como pessoa responsável pela promulgação desta lei, tenho reservas sobre ela", disse Pezeshkian na segunda-feira à noite durante uma entrevista à televisão estatal iraniana, segundo a imprensa local citada pela agência espanhola EFE.
A lei, que pune a não utilização do véu com uma pena de prisão até cinco anos, foi elaborada pelo governo do anterior presidente ultraconservador, Ebrahim Raisi, que morreu num acidente de helicóptero em 19 maio deste ano.
A lei foi aprovada pelo parlamento em 2023 e ratificada em setembro pelo Conselho dos Guardiães.
O parlamento afirmou que enviará a Pezeshkian o projeto de lei para promulgação na próxima semana.
Pezeshkian prometeu durante a campanha eleitoral, no verão, flexibilizar a rigorosa política de vestuário do país.
O líder reformista considerou que a nova lei poderá provocar "conflitos desnecessários" na sociedade dividida da República Islâmica e alienar parte da população.
"Arriscamo-nos a arruinar muitas coisas na sociedade por causa desta lei", afirmou na segunda-feira à noite.
A lei visa acabar com a falta de uso do véu, um gesto de desobediência civil adotado por muitas iranianas após a morte de Mahsa Amini, em 16 de setembro de 2022.
Amini morreu depois de ter sido detida pela polícia da moralidade por não usar corretamente o 'hijab'.
A morte de Amini provocou fortes protestos no Irão que foram reprimidos pelo regime da República Islâmica.
Peritos das Nações Unidas descreveram a lei como "uma forma de 'apartheid' de género, uma vez que as autoridades parecem governar através de uma discriminação sistemática com a intenção de subjugar as mulheres e as raparigas".
Há dois anos que as autoridades iranianas tentam reintroduzir o uso do véu com punições como a confiscação de veículos ou o regresso às ruas da polícia da moralidade, que prende as mulheres sem véu.
A última medida anunciada pelas autoridades para reintroduzir o véu é a abertura da "Clínica de Reabilitação da Falta do 'Hijab'" para tratar psicologicamente as mulheres que não se cobrem.
Apesar de tudo isto, muitas iranianas continuam a não usar o véu, num gesto de desobediência e desafio às autoridades da República Islâmica.
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