Barnier acredita que governo francês não será derrubado pelos deputados

O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, disse hoje que é "possível que haja um reflexo de responsabilidade" dos deputados para evitar derrubar o seu Governo, na véspera da votação de duas moções de censura da esquerda e da extrema-direita.

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Lusa
03/12/2024 20:02 ‧ há 13 horas por Lusa

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França

"Depende dos deputados, cada um dos quais tem uma responsabilidade perante o povo francês", disse Michel Barnier numa entrevista televisiva em direto da sua residência no Hôtel Matignon.

 

O chefe do executivo advertiu que "os interesses do país estão em jogo", admitindo uma "situação frágil e efémera" do seu governo minoritário.

Sem o suporte necessário na Assembleia Nacional francesa, Barnier aprovou na segunda-feira o orçamento da Segurança Social através do artigo 49.3, que permite a aprovação sem votação, o que originou as duas moções de censura por parte da oposição.

Para que o país recupere a estabilidade política, talvez seja necessário "que [o Governo] continue", disse o primeiro-ministro de centro-direita e antigo comissário europeu, apelando ao "respeito entre a classe política".

"Não houve qualquer falha" nas negociações com as diferentes forças políticas, a extrema-direita União Nacional (RN) e a coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP), para a elaboração do orçamento de 2025, garantiu.

Se a moção de censura for aprovada "tudo será mais difícil e mais grave", disse Barnier, relembrando que, por razões constitucionais, não pode haver eleições legislativas até julho de 2025, o que irá agravar a situação de instabilidade política.

A moção de censura "não é um voto a favor ou contra Barnier", referiu, defendendo que "é um voto sobre um texto", neste caso sobre o orçamento da Segurança Social, um projeto de lei para 2025 que "foi objeto de semanas e semanas de trabalho".

"Os dourados que nos rodeiam, os veículos oficiais, os dourados da República, não me interessam, não é isso que está em causa, não sou eu que estou em causa. O que está a acontecer agora transcende-me", afirmou.

Os franceses "sentem que não deve haver caos" e "quase 18 milhões de franceses verão o seu imposto sobre o rendimento aumentar" se o projeto de lei for censurado, acrescentou.

"Não é por prazer que estou a apresentar um orçamento tão difícil", sublinhou.

Nomeado em 05 de setembro pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro, de 73 anos, reconheceu que a situação é "sem precedentes" nos últimos 60 anos, devido à fragmentação da Assembleia Nacional (esquerda, centro-direita e extrema-direita).

"Quando cheguei aqui [ao gabinete no Matignon], há três meses, sabia que podia sair na manhã seguinte, porque é uma questão política muito complicada", disse Barnier, acrescentando que "o momento é grave, é difícil, mas o desafio não é impossível".

Sobre a sua relação com Emmanuel Macron, com quem fala "todos os dias", o chefe de Governo discordou dos apelos da oposição à demissão do Presidente francês, que "foi escolhido [em 2022] para servir" durante mais cinco anos.

Barnier, que no caso de ser derrubado pela Assembleia Nacional será o primeiro-ministro mais breve da V República desde 1958, afirmou que continuou a querer ouvir as propostas dos deputados para um "orçamento [do Estado] que não é perfeito".

"Sempre disse que este texto podia ser melhorado, que o era, que não era definitivo e que o melhorámos. Ouvimos todos e fizemos progressos em muitos pontos", afirmou o primeiro-ministro francês, apelando por "um pequeno esforço a todos".

O Presidente francês afirmou hoje que "não pode acreditar num voto de censura" do Governo, acrescentando que tem "confiança na coerência das pessoas" e que a sua prioridade é a estabilidade.

Na quarta-feira, a Assembleia Nacional vai debater e votar as moções de censura apresentadas pela NFP e pelo RN contra o Governo Barnier, que tem todas as hipóteses de ser aprovada, com a votação necessária de 288 deputados, ao alcance de uma aliança de circunstância entre a esquerda e a extrema-direita.

[Notícia atualizada às 20h34]

Leia Também: Moção de censura em França? "Tornará tudo mais difícil", alerta Barnier

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