A investigação realizada pelo Laboratório de Investigação Humanitária da Escola de Saúde Pública de Yale, nos Estados Unidos, identificou 166 crianças já adotadas por cidadãos russos e outras 148 inscritas em bases de dados dirigidas pelo governo russo, como parte de uma operação "sistemática, intencional e generalizada".
O Laboratório de Investigação classifica este estudo como "a maior e mais detalhada análise de alta confiança até à data sobre a colocação de crianças ucranianas com cidadãos russos ou inscritas em bases de dados russas (de adoção)".
O relatório com 86 páginas aborda a custódia das crianças desde o seu transporte de um país para outro e a sua naturalização, um processo que é descrito no documento como uma tentativa de "russificação" das crianças.
As 314 crianças foram retiradas das províncias de Donetsk e Luhansk, transportadas para pontos temporários e distribuídas por 21 regiões da Rússia, destas, 67 foram naturalizadas e 42 estão no processo de adoção.
O estudo conclui também que a Rússia recorre a psicólogos para legitimar este programa de adoção como uma "necessidade médica" e que as crianças foram sujeitas a uma "reeducação pró-russa" depois de ficarem sob custódia russa.
Os investigadores defendem no relatório que as adoções forçadas e as famílias de acolhimento que documentam podem constituir crimes de guerra e crimes contra a humanidade e que, juntamente com outras provas, podem reforçar o argumento de que a Rússia está a cometer um genocídio contra a Ucrânia.
Em março, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de captura contra Putin e a sua comissária para a proteção das crianças, Maria Lvova-Belova, pela deportação em massa de menores ucranianos das zonas ocupados da Ucrânia para território russo, o que constitui um crime de guerra.
Para além de Putin e Lvova-Belova, o relatório de Yale acusa outros funcionários russos de serem responsáveis pelo programa de adoção forçada: Anna Kuznetsova, vice-presidente da Duma russa; Sergei Kravtsov, ministro da Educação; e os chefes das administrações pró-russas de Donetsk e Luhansk.
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