"Sentimos, depois das eleições, que o ímpeto estava a voltar", disse Mohammed bin Abdulrahman Al Thani no Fórum de Doha, uma conferência para o diálogo político internacional, considerando que existe um "grande encorajamento da nova administração para chegar a um acordo, mesmo antes de o presidente [Trump] tomar posse".
Apesar de "algumas diferenças" na abordagem, não há diferenças entre a administração do presidente Joe Biden e a futura administração de Donald Trump "sobre o objetivo, que é acabar com a guerra", acrescentou.
O Qatar, juntamente com os Estados Unidos e o Egito, tem conduzido meses de negociações infrutíferas com vista a uma trégua em Gaza e à libertação dos reféns detidos desde o ataque sem precedentes em solo israelita pelo movimento islâmico palestiniano Hamas, em 7 de outubro de 2023.
Em novembro, Doha desistiu, declarando que só retomaria os seus esforços quando o Hamas e Israel mostrassem "vontade e seriedade".
Na quinta-feira, uma fonte próxima das negociações disse à agência de notícias francesa AFP que o Qatar tinha retomado a mediação.
De acordo com o primeiro-ministro do Qatar, o "encorajamento" da nova administração americana influenciou a decisão do Qatar de colocar as negociações "de novo no bom caminho".
"Esperamos fazer avançar as coisas o mais rapidamente possível e esperamos que a vontade das partes de se empenharem de boa fé se mantenha", afirmou Mohammed bin Abdulrahman Al Thani.
Uma nova ronda de negociações com vista a uma trégua na Faixa de Gaza poderá "muito provavelmente" começar na próxima semana no Cairo, disse à AFP no sábado uma fonte próxima da delegação do Hamas.
Ao fim da tarde, o Hamas declarou, em comunicado, que uma delegação havia estado com o chefe dos serviços secretos turcos, Ibrahim Kalin, em Doha, e discutido a guerra em Gaza, bem como "vários desenvolvimentos regionais e internacionais e as suas repercussões".
Desde o início da guerra em Gaza, entrou em vigor uma única trégua de uma semana, em novembro de 2023, durante a qual foram libertados 105 reféns, no âmbito de um acordo que também levou à libertação de 240 prisioneiros palestinianos detidos por Israel.
Na segunda-feira, Donald Trump avisou que o "preço a pagar seria terrível" para os movimentos palestinianos na Faixa de Gaza se os reféns não fossem libertados antes da sua tomada de posse, a 20 de janeiro.
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