Polícia queniana dispersa marcha contra feminicídio e detém manifestantes

A polícia queniana disparou gás lacrimogéneo e deteve hoje manifestantes durante uma marcha pacífica contra a violência sobre as mulheres, que decorreu na capital, Nairobi, segundo jornalistas no local e Organizações Não-Governamentais (ONG).

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Lusa
10/12/2024 14:22 ‧ 10/12/2024 por Lusa

Mundo

Quénia

A polícia foi fortemente mobilizada na capital antes da manifestação, uma das muitas planeadas neste país da África Oriental, onde a violência contra as mulheres é um problema de longa data.

 

Várias ONG de defesa dos direitos humanos convocaram a marcha para exigir que às autoridades do país que tomem medidas contra o feminicídio, depois da Comissão Nacional dos Direitos Humanos do Quénia (KNCHR) ter afirmado, em novembro, que tinha registado 97 homicídios de mulheres nos três meses anteriores.

Hoje, a polícia disparou gás lacrimogéneo contra um grupo inicialmente pequeno de jovens mulheres reunidas na zona comercial central de Nairobi, tal como constaram no local os jornalistas da agência de notícias France-Presse (AFP).

O local foi palco de alguns dos piores atos de violência policial durante os protestos antigovernamentais que provocaram o caos em parte da cidade de Nairobi, em junho.

"O Governo é parte do problema. Não há razão para enviar a polícia armada contra pessoas que carregam cartazes", disse à AFP Koneli, uma manifestante de 38 anos, que não quis dar o seu nome completo.

A manifestação ganhou força durante a tarde, quando várias centenas de mulheres marcharam até ao parlamento, entoando palavras de ordem como "Tenham vergonha" e "Eduquem os vossos filhos".

A marcha foi interrompida várias vezes pelo lançamento de gás lacrimogéneo.

Outra mulher, de 22 anos, disse à AFP que a polícia parecia estar a visar mulheres que usavam 't-shirts' com 'slogans' contra o feminicídio.

"Não somos violentas (...), estamos aqui para lutar pelos direitos das mulheres", afirmou outra manifestante, Akinyi, pouco antes de ser atingida por gás lacrimogéneo.

Na sequência da divulgação dos números do KNCHR sobre o feminicídio, o Presidente do Quénia, William Ruto, dirigiu-se ao parlamento, classificando a violência baseada no género como "trágica e inaceitável", instando a sociedade a resolver o problema.

A Amnistia Internacional e a Ordem dos Advogados do Quénia emitiram uma declaração conjunta a condenar as ações da polícia hoje, afirmando que estas enviaram uma "mensagem assustadora" aos manifestantes pacíficos.

"A resposta violenta da polícia, incluindo a detenção destes manifestantes pacíficos, é um ataque direto aos princípios democráticos do Quénia e aos direitos humanos dos seus cidadãos", afirmaram.

A polícia queniana tem sido bastante criticada pela comunidade internacional pela repressão das manifestações antigovernamentais do início do ano, que começaram pacificamente antes de degenerarem em violência. De acordo com o KNCHR, pelo menos 60 pessoas foram mortas durante os protestos.

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