"A escassez de alimentos foi registada nas principais cidades, como Deir al-Zur, Damasco e Hama. Só em Idlib e Alepo, o preço do pão aumentou 900% entre 27 de novembro e 9 de dezembro", refere o gabinete num relatório diário.
As hostilidades "continuam a afetar muitas partes da Síria desde a queda do governo de al-Assad, a 8 de dezembro. Até à data, cerca de 100.000 pessoas foram deslocadas no nordeste da Síria", acrescenta o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA).
O OCHA sublinhou que os hospitais do país estão "sobrecarregados pelo elevado número de casos de traumatismos e outros ferimentos".
Os parceiros de saúde da ONU relataram um "sofrimento psicológico significativo entre os civis, com sinais de trauma particularmente entre as crianças".
Apesar do ambiente difícil e instável, "prosseguem as suas atividades na medida em que a situação de segurança o permita", informou a ONU.
O responsável referiu ainda que, desde ontem, "foram registados alguns saques a armazéns de ajuda, incluindo os das agências da ONU e do Crescente Vermelho Árabe Sírio, mas que ainda não foram confirmados".
A ONU estima que 16 milhões de sírios necessitem de assistência humanitária e insta a comunidade internacional a aumentar o financiamento da cooperação para "abrir novas instalações de abrigo, saneamento e alimentação".
Desde as revoltas populares de 2011, que se transformaram em guerra civil, mais de 14 milhões de sírios foram obrigados a abandonar as suas casas, metade dos quais no interior da Síria, naquela que representa a maior crise de deslocações do planeta, segundo a ONU, que estima que 70% destas pessoas precisam de ajuda humanitária e 90% vivem abaixo do limiar da pobreza.
Perante a ofensiva rebelde, Assad, que esteve no poder 24 anos, abandonou o país e asilou-se na Rússia.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baas foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.
A operação começou a 27 de novembro e foi liderada pela Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham - HTS, em árabe), herdeira da antiga afiliada síria da Al-Qaida e classificada como grupo terrorista por países como os Estados Unidos, o Reino Unido, o Canadá e ainda a União Europeia.
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