Em 27 de novembro, uma coligação de grupos da oposição liderados pela organização radical islâmica Hayat Tahrir al-Sham (HTS) lançou uma ofensiva e conquistou vastos territórios em 10 dias, antes de entrar na cidade de Damasco pondo fim ao regime da família Assad.
Para a organização não-governamental norte-americana Human Rights Watch (HRW), o derrube do regime "oferece uma oportunidade histórica para a Síria romper com décadas de repressão e virar a página das violações dos direitos humanos".
"Um futuro melhor para a Síria exige que se resolvam os abusos levados a cabo durante décadas pelo anterior governo e por outras partes no conflito (...) e que se protejam os sírios, independentemente da sua etnia, fé ou filiação política", acrescentou a ONG em comunicado.
A HRW sublinhou, no entanto, que os grupos armados como o HTS e outras fações armadas que lançaram a ofensiva de 27 de novembro, são também responsáveis por violações dos direitos humanos e "crimes de guerra".
Perante as preocupações ocidentais sobre a forma como o governo de transição, dominado pelo HTS, o antigo ramo sírio da Al Qaeda, vai tratar as numerosas minorias, o primeiro-ministro interino, Mohammad al-Bashir, procurou tranquilizar o país, afirmando que o governo vai "garantir os direitos de todos os povos e credos".
"A nova liderança síria tem uma oportunidade sem precedentes de dar o exemplo (...), em particular através da proteção dos direitos fundamentais numa nova Constituição", afirmou a HRW.
"Este é um momento crucial para rejeitar o horror do passado", disse Lama Fakih, Diretor da HRW para o Médio Oriente e Norte de África.
A ONG apelou às novas autoridades para que "ratifiquem e implementem vários tratados internacionais de direitos humanos e instrumentos legais que o governo de Assad não adoptou".
A ONG também pediu à ONU e aos países estrangeiros que "apoiem a transição, levantem certas sanções setoriais que estão a dificultar os esforços humanitários e garantam um ambiente propício ao regresso seguro dos refugiados sírios".
A guerra civil, que começou em 2011 na sequência da repressão sangrenta de manifestações pró-democracia por parte do regime de Assad, causou mais de 500 mil mortos e milhões de deslocados.
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