"A corrupção, como nós sabemos, é uma praga que corrói as fundações de qualquer Estado (...), a juventude de hoje, mais conectada e informada do que nunca, tem a obrigação de contribuir na criação de lideranças mais transparentes e responsáveis", afirmou Américo Letela, acrescentando que este é um fenómeno que compromete o futuro das gerações vindouras.
O procurador-geral da República falava durante um seminário alusivo ao dia internacional contra a corrupção, que se assinalou na segunda-feira, sob o lema "unindo-se aos jovens contra a corrupção: moldando a integridade do amanhã".
"Devemos, portanto, fortalecer a cultura de integridade nos jovens, formando cidadãos comprometidos não apenas com o próprio bem-estar mas também com o bem-estar coletivo do país", disse.
Para o responsável, o combate à corrupção é uma "missão ética e social".
"Igualmente, esse combate não é apenas das instituições judiciárias ou dos órgãos governamentais, é uma responsabilidade partilhada por toda a sociedade e os jovens em especial tem um papel de poder ", explicou.
Américo Letela reafirmou ainda o compromisso de intensificar as ações contra a corrupção, através de memorandos com o Ministério da Educação e outras instituições de educação.
"Temos promovido a criação de núcleos anticorrupção nas escolas e a implementação de programas educativos. Paralelamente, estamos a reforçar a cooperação com escolas, universidades e outras instituições de ensino, desenvolvendo iniciativas voltadas para educação em cidadania e ética", avançou.
O responsável aponta ainda a parceria internacional e o reforço dos mecanismos de denúncia e proteção para denunciantes como um meio de combate.
"Fortalecemos as parcerias internacionais implementando boas práticas e estratégicas eficazes no combate a corrupção. A troca de conhecimento e a cooperação global são indispensáveis pois a corrupção não respeita fronteiras, os seus impactos transcendem os limites nacionais", afirmou.
Sobre o reforço dos mecanismos de denúncia, Américo Letela defendeu que "quem tem a coragem de denunciar merece segurança e apoio".
"Estamos determinados a implementar medidas que incentivam e protegem estes cidadãos, através da regulamentação da lei da proteção das testemunhas, denunciantes, vítimas e peritos em processos penais, pois só assim podemos promover uma cultura onde a verdade e transparência sejam valorizadas", concluiu procurador-geral da República de Moçambique.
O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC)anunciou em agosto que recuperou, nos últimos seis meses, bens avaliados em cerca de 128 milhões de meticais (quase dois milhões de euros) em casos de corrupção em Moçambique.
No total, o Ministério Público recuperou, no primeiro semestre deste ano, seis imóveis, avaliados em pouco mais de 126 milhões de meticais (1,8 milhões de euros), e uma viatura, orçada em 1,3 milhões de meticais (18 mil euros), num período em que tramitou 1.328 processos.
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