François Bayrou, de 73 anos, é o novo primeiro-ministro de França e já fez o seu primeiro discurso, no qual prometeu "não esconder nada, não negligenciar nada, não deixar nada de lado" e "enfrentar a situação herdada de décadas inteiras com os olhos abertos e sem timidez".
Bayrou iniciou o seu discurso agradecendo ao seu antecessor, Michel Barnier, e confessou: "Ninguém melhor do que eu sabe o quão difícil é a situação. Na minha vida política, corri riscos irrefletidos", afirmou Bayrou, referindo-se às suas campanhas políticas anteriores.
O novo primeiro-ministro francês disse ter recebido e "partilhado" a mensagem sobre a "gravidade da situação" que agora encontra, mas prometeu: "não esconder nada, não negligenciar nada e não deixar nada de lado".
No seu discurso, Bayrou falou de duas obsessões - "o muro de vidro que foi construído entre os cidadãos e o poder" e "o dever de dar oportunidades àqueles que não as têm".
"Sei que as hipóteses de dificuldades são muito maiores do que as hipóteses de sucesso", notou, admitindo esperar, contudo, encontrar um novo caminho.
Antes de discursar, Bayrou foi recebido Michel Barnier na escadaria do Hôtel de Matignon. Os dois homens cumprimentam-se calorosamente, sob aplausos, antes de se reunirem para uma conversa de transição de poderes.
Bayrou foi nomeado hoje de manhã, uma semana depois da moção de censura que derrubou o governo do conservador Michel Barnier, votada pela esquerda e pela extrema-direita, após três meses de mandato.
François Bayrou terá uma enorme tarefa à frente do Governo, tendo o Orçamento do Estado para 2025 como prioridade, numa altura em que a França está fortemente endividada e o projeto de orçamento da Segurança Social levou à queda do seu antecessor.
Com a esquerda radical França Insubmissa (LFI) a garantir uma moção de censura, os restantes partidos da oposição não ficaram satisfeitos com a nomeação do centrista, mas garantiram não censurar o novo chefe de Governo 'a priori' desejando conhecer primeiro os seus objetivos políticos.
O Partido Socialista (PS) enviou esta tarde uma carta a Bayrou pedindo-lhe que abandone o mecanismo 49.3 (que permite a aprovação de projetos de lei sem votação) em troca da não-censura e também que não dependa do partido de extrema-direita União Nacional (RN) de Marine Le Pen.
Na mesma carta, o PS anunciou que "não participará no [seu] governo e que, por conseguinte, permanecerá na oposição no Parlamento", mas pedem a Bayrou que se encontre "o mais rapidamente possível" com os presidentes dos grupos parlamentares da coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) e, de um modo mais geral, com "aqueles que lideraram a Frente Republicana".
Os socialistas consideram que "ao escolher mais uma vez um primeiro-ministro do seu próprio campo", Emmanuel Macron "assume a responsabilidade de agravar a crise política e democrática em que colocou o país desde a dissolução da Assembleia Nacional", quando as eleições legislativas deveriam ter levado à nomeação de "um primeiro-ministro de esquerda".
Para segunda-feira, está previsto que a Assembleia Nacional vote uma "lei especial" para assegurar a continuidade de financiamento do Estado. A "lei especial" estenderá temporariamente as normas orçamentais de 2024, até que o novo Governo francês consiga que o orçamento para 2025 seja aprovado.
[Notícia atualizada às 16h58]
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