Abu Hassan al-Hamwi, comandante militar da Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe) e antigo chefe do ramo militar do grupo islamista sunita, examinou ao detalhe, na entrevista publicada hoje, os bastidores desta operação que terminou com os 24 anos de regime de Assad.
Denominada "repelir a agressão", os preparativos para esta operação começaram há um ano, embora o grupo já se preparasse anteriormente.
Só no final de novembro é que sentiu que era o momento certo.
Para isso, foi necessário primeiro unir os diferentes grupos rebeldes que operam no país. "O problema fundamental foi a ausência de uma liderança unificada", frisou Al-Hamwi, de 40 anos.
Foi criada uma sala de operações, reunindo comandantes de cerca de 25 grupos rebeldes do sul, que coordenariam os movimentos dos seus combatentes entre si e com o HTS do norte.
Uma vez formada a coligação, tendo o grupo HTS como 'cabeça de guerra', começou a treinar combatentes e a desenvolver uma doutrina militar.
"Estudámos o inimigo em profundidade, analisámos as suas táticas, de dia e de noite, e utilizámos esse conhecimento para desenvolver as nossas próprias forças", acrescentou.
O grupo, formado por insurgentes, transformou-se lentamente numa força de combate disciplinada, descreveu o comandante ao jornal britânico.
A HTS começou também a produzir as suas próprias armas, veículos e munições. Recursos que se mantiveram limitados, ao contrário dos do Presidente Assad, que contava com o apoio da Rússia e do Irão.
Neste contexto, foi criada uma unidade militar dedicada aos drones, juntando engenheiros, mecânicos e cientistas.
"Unificamos os seus conhecimentos e definimos objetivos claros: precisávamos de drones de reconhecimento, drones de ataque e drones explosivos, com ênfase no alcance e na resistência", sublinhou Al-Hamwi, acrescentando que a sua produção começou em 2019.
Estes "drones explosivos" foram destacados este mês contra as forças do ex-presidente sírio.
No final de uma ofensiva de 11 dias, a coligação rebelde dominada pelo HTS derrubou no domingo o poder de Bashar al-Assad, que fugiu para a Rússia com a sua família, segundo agências russas.
Mohammad al-Bashir foi nomeado primeiro-ministro na terça-feira para liderar um governo de transição até 01 de março.
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