O Ministério da Educação, Cultura e Ciência neerlandês decidiu proceder à devolução, a pedido do México, embora tenha sublinhado que "o tratamento dos restos mortais está fora do quadro das políticas relacionadas com as coleções coloniais devido ao contexto ético" destas peças.
O Governo defendeu que a devolução de restos mortais como esta caveira é "o ponto de partida em pedidos específicos" de devolução de peças de valor artístico ou histórico.
O crânio fazia parte do acervo do Wereldmuseum de Leiden e foi adquirido na década de 1960. Atualmente encontra-se nas mãos da Embaixada do México em Haia.
A datação do século XX sugere que a peça em si foi montada recentemente, mas tanto a caveira, de origem mixteca, como as pedras do mosaico são de época anterior.
Os Países Baixos responderam favoravelmente a vários pedidos de outros países para devolver obras de arte saqueadas ou roubadas durante o período colonial.
Em setembro, o Governo neerlandês devolveu à Indonésia 288 objetos históricos e artísticos que acabaram "injustamente" na coleção nacional daquele país durante o período colonial e que têm "importante significado cultural" para o povo indonésio.
São quatro esculturas hindu-budistas - Bhairava, Nandi, Ganesha e Brahma - que foram roubadas de Java na primeira metade do século XIX, além de 284 objetos da Coleção Puputan Badung, artefactos culturais como armas, moedas, joias e têxteis tomados pelas forças coloniais neerlandesas após uma guerra contra os principados de Badung e Tabanan, no sul de Bali, em 1906.
O ano passado foi a primeira vez que os Países Baixos devolveram objetos saqueados durante a sua era colonial, 478 obras reivindicadas pela Indonésia e pelo Sri Lanka, e o Comité de Coleções Coloniais está a considerar outros pedidos de devolução destes dois países, bem como da Nigéria e da Índia.
Os Países Baixos estão a trabalhar na devolução voluntária de obras de arte roubadas na Segunda Guerra Mundial ou no colonialismo.
Em 2020, o Comité recomendou a devolução incondicional da arte saqueada, se o país de origem o solicitar.
"As injustiças históricas não podem ser desfeitas, mas podemos contribuir para reparar as injustiças, assumindo a responsabilidade por esse passado quando se trata de guerra colonial", destacou.
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