"O Conselho aprovou hoje medidas restritivas adicionais contra quatro pessoas, tendo em conta a gravidade da situação no Sudão, onde se registam combates contínuos entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF, na sigla em inglês) e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês)", referiu Bruxelas num comunicado.
No que respeita às SAF, o Conselho sancionou Mohamed Ali Ahmed Subir, tenente-general responsável pelas operações de informação militar.
"É responsável pela perseguição, prisão arbitrária e detenção de membros da sociedade civil, bem como por casos de violência sexual e tortura", justificou.
O Conselho incluiu também na lista Salah Abdallah Mohamed Salah, conhecido por 'Salah Gosh', antigo conselheiro de segurança nacional e antigo diretor do Serviço Nacional de Informações e Segurança do Sudão, que responsabiliza "por muitas ações feitas pelas SAF e pelo departamento de operações de informação".
Relativamente às RSF, foram impostas medidas restritivas a Osman Mohamed Hamid, major-general encarregado das operações desde o início do conflito e responsável por violações do direito internacional em matéria de direitos humanos e do direito internacional humanitário.
"Por último, o Conselho incluiu também na lista Tijani Karshom, o Governador do Darfur Ocidental, que facilitou o recrutamento de milícias para combater ao lado das RSF e está implicado em graves violações dos direitos humanos e do direito internacional humanitário no Darfur Ocidental", acrescentou.
Assim, as quatro pessoas mencionadas "estão sujeitas ao congelamento de bens" e proibidas de viajar para a União Europeia (UE).
Esta decisão a EU suje no mesmo dia em que a Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Mamadou Dian Balde, alertou a comunidade internacional não entendeu ainda a gravidade da crise neste país.
"Os esforços diplomáticos não estão à altura das necessidades", disse hoje Balde à agência noticiosa France-Presse numa entrevista na sede do ACNUR em Genebra.
"Não creio que o mundo se aperceba da gravidade da crise sudanesa e do seu impacto", insistiu.
Também hoje a Human Rights Watch (HRW) reiterou a acusação às RSF e milícias aliadas de violarem dezenas de mulheres e meninas, bem como de escravatura sexual, no estado do Cordofão do Sul, desde setembro de 2023.
"As sobreviventes e outras testemunhas forneceram informações sobre 79 raparigas e mulheres, com idades compreendidas entre os sete e os 50 anos, que relataram ter sido violadas" por membros das RSF, citou a HRW.
A violência sexual pode constituir um crime contra a humanidade quando cometida no âmbito de um ataque generalizado ou sistemático a uma população civil, alertou.
Desde abril de 2023, o Sudão tem sido assolado por uma guerra entre dois generais, o chefe do exército Abdel Fattah al-Burhane e Mohamed Hamdan Daglo, chefe das RSF.
A guerra parece não ter fim à vista, com ambas as partes a intensificarem os ataques a zonas residenciais nas últimas semanas.
O conflito matou dezenas de milhares de pessoas e deslocou cerca de 12 milhões, causando o que a ONU descreve como um dos piores desastres humanitários dos últimos tempos.
Leia Também: PR angolano elege Sudão como prioridade quando for presidente da União