Acordo de cessar-fogo é "possível" se Israel não impuser novas condições

O grupo islamita palestiniano Hamas afirmou hoje que um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza que permita libertar os reféns israelitas no enclave é "possível", se Israel não impuser novas condições.

Notícia

© Mustafa Hassona/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
17/12/2024 17:43 ‧ 17/12/2024 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Tendo em conta as conversações sérias e positivas que estão em curso hoje em Doha, sob a mediação dos irmãos do Qatar e do Egito, é possível alcançar um acordo para um cessar-fogo e uma troca de prisioneiros, se o ocupante [israelita] deixar de impor novas condições", declarou o Hamas em comunicado.

 

A mensagem surge no meio de negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza e depois de ambas as partes terem confirmado que um acordo está mais próximo que nunca.

Ao mesmo tempo, uma fonte palestiniana citada pela agência de notícias espanhola EFE confirmou que o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, se encontra a caminho do Cairo com urgência.

Estava previsto que Abbas se deslocasse à capital egípcia na quarta-feira, para participar na cimeira do D-8 (Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Económico formada por oito países: Bangladesh, Egito, Indonésia, Irão, Malásia, Nigéria, Paquistão e Turquia), mas as autoridades egípcias solicitaram a sua presença hoje à noite, indicou a mesma fonte.

Vários meios de comunicação social noticiaram hoje à tarde que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, estava a caminho do Cairo para participar nas conversações (o Egito é um dos principais mediadores entre Israel e o Hamas, juntamente com o Qatar e os Estados Unidos), mas um porta-voz seu e a comunicação social egípcia desmentiram-no pouco depois.

Na segunda-feira, uma delegação israelita chegou à capital do Qatar, Doha, com o objetivo de prosseguir as negociações indiretas para uma trégua e troca de reféns, confirmou à EFE uma fonte próxima das conversações.

Um funcionário da embaixada do Qatar indicou, a coberto do anonimato, que o objetivo do grupo, formado por representantes militares e dos serviços secretos internos e externos israelitas, é resolver "lacunas nas negociações".

No mesmo dia, o ministro da Defesa israelita, Israël Katz, afirmou que o acordo estava "mais próximo que nunca", em declarações divulgadas pela comunicação social israelita durante um painel à porta fechada no Knesset (o parlamento israelita).

A Faixa de Gaza é cenário de conflito desde 07 de outubro de 2023, data em que Israel ali declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis.

Desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) fez também nesse dia 251 reféns, 96 dos quais continuam em cativeiro, 36 deles entretanto declarados mortos pelo Exército israelita.

A guerra, que hoje entrou no 438.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 45.059 mortos (cerca de 2% da população), entre os quais mais de 17.000 menores, e 107.041 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, na maioria civis, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças e infeções, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Cerca de 90% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza viram-se obrigados a deslocar-se, muitos deles várias vezes, ao longo de mais de 14 meses de guerra, encontrando-se em acampamentos apinhados ao longo da costa, praticamente sem acesso a bens de primeira necessidade, como água potável e cuidados de saúde.

O sobrepovoado e pobre enclave palestiniano está mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Uma comissão especial da ONU acusou há três semanas Israel de genocídio na Faixa de Gaza e de estar a utilizar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita.

Em mais de um ano de guerra, o Hamas e Israel só chegaram uma vez a acordo para um cessar-fogo e libertação de reféns, em novembro de 2023, que resultou na libertação de 105 dos 251 sequestrados a 07 de outubro, em troca de 240 prisioneiros palestinianos que se encontravam em prisões israelitas.

Todas as tentativas de mediação desde então realizadas pelo Egito, os Estados Unidos e o Qatar para alcançar uma nova trégua fracassaram.

No início de novembro, o Qatar anunciou a suspensão dos seus esforços, censurando os dois beligerantes pela sua total falta de vontade de chegar a um acordo.

Mas, nas últimas semanas, foram retomados os esforços diplomáticos, desta vez conduzidos conjuntamente por Washington, Cairo, Doha e Ancara.

Leia Também: Seis em cada 10 deslocados não querem regressar a casa, diz relatório

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas