A 16 de outubro de 2020, o professor de História e Geografia, de 47 anos, foi esfaqueado e posteriormente decapitado perto de uma escola secundária no noroeste de Paris, onde lecionava. Abdoullakh Anzorov, um russo de 18 anos de origem chechena, foi morto pela polícia pouco depois.
Antes da sua morte, Paty foi alvo de uma intensa campanha de assédio cibernético, que se iniciou quando uma aluna o acusou falsamente de discriminar os muçulmanos, segundo a agência France-Presse.
"Não existe qualquer ligação direta ou indireta entre Abdelhakim Sefrioui e Abdoullakh Anzorov", afirmou Colomba Grossi, advogada do pregador islâmico, autor de um vídeo sobre Samuel Paty alguns dias antes do seu assassinato.
Os advogados de Brahim Chnina, pai da aluna cuja mentira originou a campanha também recusaram que haja motivação terrorista.
Na segunda-feira, o Ministério Público antiterrorista tinha pedido 10 anos de prisão, com um período de segurança de dois terços, para Brahim Chnina, 52 anos, de nacionalidade marroquina, acusado de associação com terroristas.
Para Abdelhakim Sefrioui, 65 anos, veterano ativista islamista e fundador da associação pró-Hamas "Collectif Cheikh-Yassine" (agora dissolvida), igualmente acusado de associação terrorista, o Ministério Público pediu 12 anos de prisão com um período de segurança de dois terços.
Este crime pode ser punível com 30 anos de prisão.
Nos dias 07 e 08 de outubro de 2020, Brahim Chnina publicou mensagens e vídeos a referir-se a Samuel Paty como "doente". Nesses dias, Sefrioui reagiu às mensagens e deslocou-se à escola de Conflans-Sainte-Honorine com Brahim Chnina para exigir que Samuel Paty fosse punido, além de publicar um vídeo apelidando o professor de "bandido".
No entanto, os advogados dos dois homens sublinharam que estes não conheciam Abdoullakh Anzorov, nem nunca se tinham encontrado, questionando ainda se o crime de associação terrorista podia ser aplicado aos arguidos.
A acusação relacionou os dois homens com a campanha digital contra Samuel Paty, numa altura em que a ameaça terrorista em França tinha reacendido".
Em setembro de 2020, o jornal Charlie Hebdo tinha republicado caricaturas de Maomé, por ocasião da abertura do processo sobre os atentados de janeiro de 2015 contra a redação do semanário satírico e a loja Hyper Cacher, em Paris.
"Brahim Chnina é um pai que acreditou na sua filha. Isso não é um crime. O seu vídeo não é um crime", argumentou Frank Berton, outro dos advogados do arguido, que apelou à "coragem" do tribunal de Paris para absolver o seu cliente.
As alegações finais da defesa devem acontecer durante a tarde de hoje, enquanto o veredicto está previsto para quinta ou sexta-feira.
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