UE e Suíça com acordo "histórico". Direita radical e sindicatos rejeitam

A presidente da Comissão Europeia classificou como "histórico" o acordo hoje alcançado entre a Suíça e a União Europeia (UE), mas a conclusão das negociações já foi rejeitada pela direita radical e pelos sindicatos helvéticos.

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Lusa
20/12/2024 18:41 ‧ há 3 horas por Lusa

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O Governo suíço deu luz verde a um pacote de acordos setoriais com o bloco dos 27, mas será longo e com muitos obstáculos o caminho até à sua adoção final pelo parlamento suíço e pelos eleitores.

 

Em declarações em Berna, a líder do executivo europeu, Ursula von der Leyen, classificou como "histórico" o acordo e lembrou que as negociações "foram intensas" e "permitiram preservar os interesses da Suíça e da UE de forma equilibrada".

Von der Leyen referia-se às cerca de 200 reuniões que foram realizadas entre diplomatas em Bruxelas e em Berna para reforçar a cooperação, que se rege atualmente por mais de 120 textos.

A Presidente da Confederação da Suíça, Viola Amherd, considerou, por sua vez, que o dia de hoje "marca um passo importante na estabilização e no desenvolvimento das relações bilaterais".

Também em declarações à imprensa em Berna, a responsável garantiu que o Governo "está convencido de que o resultado das negociações é bom e vantajoso para ambos os parceiros"

"A UE é o principal parceiro comercial da Suíça, enquanto a Suíça é o quarto parceiro comercial de mercadorias e o terceiro parceiro comercial de serviços, com um comércio bilateral global de cerca de 550 mil milhões de euros", lembrou, por seu lado, o comissário europeu para o Comércio, Maros Sefcovic.

Foi necessário "mais de 10 anos para chegar" a um acordo entre as duas partes, frisou ainda.

A direita radical, liderada pelo Partido Popular Suíço (SVP), tem criticado o acordo, que Bruxelas tem vindo a solicitar desde 2008. No entanto, as negociações só começaram em 2014 e a Confederação Suíça terminou-as abruptamente em 2021, antes de as relançar em março passado.

Membros do partido realizaram uma vigília à luz de velas em frente ao parlamento em Berna "pela independência e pela democracia", em oposição ao "pacote de mentiras" do "tratado de submissão à UE".

Ao contrário das negociações anteriores, que visavam estabelecer um acordo-quadro geral, as negociações atuais seguiram uma abordagem setorial, com o objetivo de atualizar cinco acordos (livre circulação de pessoas; reconhecimento mútuo das avaliações de conformidade; transportes terrestres; transportes aéreos; agricultura) e elaborar três outros (eletricidade; segurança alimentar; saúde).

Um tribunal de arbitragem resolverá os litígios entre os dois parceiros.

A Suíça terá de adotar a legislação europeia para os acordos relativos ao mercado interno, estando previsto que se possa opor, mas a UE poderá "adotar medidas compensatórias proporcionais", segundo um documento do Governo.

A Suíça obteve uma cláusula de salvaguarda para suspender a livre circulação, um dos pilares da integração europeia, em determinadas circunstâncias, bem como a participação em programas europeus.

Em contrapartida, terá de aumentar a sua contribuição financeira para a coesão económica e social na UE para 350 milhões de euros por ano face aos atuais 130 milhões.

A União dos Sindicatos Suíços (USS), a maior organização de trabalhadores, também já criticou o acordo, referindo que a "proteção salarial será desmantelada e o serviço público enfraquecido" nos setores ferroviário e da eletricidade.

Leia Também: Presidente turco pede levantamento das sanções internacionais à Síria

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